O Estado de S.Paulo - 24/05
A presidente da Petrobrás, Graça Foster, admitiu ontem, em audiência pública na Câmara dos Deputados, que a estatal não adquiriria, hoje, a Refinaria de Pasadena, no Texas. Deu mais um passo rumo ao reconhecimento de que a aquisição da refinaria, na gestão Gabrielli, por US$ 1,18 bilhão, foi uma operação injustificada. Mais cedo ou mais tarde, a Petrobrás poderá ser obrigada a esclarecer o mau passo - por exemplo, caso se instale a CPI subscrita por 199 parlamentares, e se o tema for corretamente levantado pela oposição.
A Refinaria de Pasadena foi adquirida em 2006 por uma trading belga (Astra/Transcor) por apenas US$ 42,5 milhões e revendida à Petrobrás, em 2007, por quase 30 vezes mais. No balanço do quarto trimestre de 2012 a estatal reconheceu uma perda de US$ 465 milhões e retirou a refinaria da lista de ativos que seriam postos à venda. Hoje, para não ter mais prejuízo, Pasadena precisa de mais recursos, diz Foster.
Nas últimas semanas, graças à comunicação mais clara de sua presidente, a Petrobrás recuperou um pouco seu valor de mercado e volta a atrair investidores. Não teve dificuldades para colocar US$ 11 bilhões no exterior, dos quais US$ 5 bilhões serão empregados no pré-pagamento de dívidas mais caras. Mas os recursos são uma fração dos investimentos de US$ 236,7 bilhões previstos no quinquênio 2013/2017.
A Petrobrás já admitiu outros erros graves de planejamento, como na Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, em que o custo inicial de US$ 2,5 bilhões foi multiplicado por sete (US$ 17,35 bilhões).
Agora começa a desfazer-se de ativos não estratégicos, em especial no exterior, ao mesmo tempo que procura corrigir as falhas operacionais que levaram à estagnação da produção, há já quatro anos.
O que se deve discutir, tanto no caso da Petrobrás como em grande parte dos investimentos comandados pelo setor público, é a qualidade do planejamento e o custo dos investimentos. O melhor caminho para saber se as previsões são realistas é verificar quanto custaram projetos semelhantes feitos por outras empresas ou entes públicos. O Brasil não é exceção em obras caríssimas.
Mas é possível identificar referências, obter estatísticas sobre o que ocorreu em projetos semelhantes e fazer planejamento realístico. Executivos privados - ou governos - costumam subestimar custos e superestimar receitas. Bancos de dados geridos por órgãos independentes poderiam ajudar a evitar erros.
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