FOLHA DE SP - 13/05
SÃO PAULO - A dinâmica da etapa hiperfinanceira do capitalismo global, que entra na sua quarta década de vigência, tem produzido crises periódicas e violentas. Brasil e México foram vítimas da primeira onda, no início da década de 1980.
A economia mexicana seria atingida de novo mais de dez anos depois. Seguiram-se abalos no sudeste da Ásia, na Rússia e, já no raiar do século 21, na Argentina.
A afluência chinesa produziu um curto período de graça, interrompido no final de 2008 pelo choque nos Estados Unidos e na Europa.
Ao longo desse ciclo, resolver uma crise significou plantar as sementes de outra no futuro. A conversão das dívidas habitacionais das famílias americanas em títulos, capazes de originar outros papéis negociáveis no circuito da finança global, tirou o país da letargia nos anos 80. Mas foi a base da derrocada décadas depois.
Uma das consequências prováveis do modo como a crise atual está sendo resolvida será um abalo, cedo ou tarde, nas chamadas economias emergentes. A valorização de preços associados a nações como o Brasil dá mostras de ter esbarrado em limites sólidos.
O avanço das commodities metálicas, energéticas e agrícolas se dissipa na forma de inflação, que acomete brasileiros, chineses e quase todos os povos emergentes de maneira semelhante. Nessas nações, o preço dos imóveis galopou, numa onda mais ou menos sincrônica.
Desacelera-se o motor chinês, que, em conjunto com os juros nulos e os deficit monumentais dos ricos, sustenta a estabilidade modorrenta neste pós-crise. Não está à vista abalo no curto prazo, mas a piora constante de indicadores já ficou difícil de reverter. Um ajuste brusco de contas pode estar encubado até 2015.
Em vez de aumentar suas defesas para uma provável tempestade, o Brasil está se tornando mais vulnerável nas finanças.
Conhecemos esse filme.
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