O Banco Central está apostando que a situação internacional vai ter um impacto positivo no combate à inflação brasileira. O mundo pode crescer menos, derrubar os preços das commodities e reduzir a pressão inflacionária no Brasil. De fato, as cotações estão em queda, mas, como o país é exportador de commodities, isso pode piorar o desempenho da balança comercial.
Hoje, déficit em transações correntes não é detonador de crise, como já foi no passado, mas note o gráfico abaixo. A conta corrente - que agrega comércio, juros, lucros enviados, turismo, frete - estava superavitária até 2007, e depois entrou numa escalada de déficit. No primeiro trimestre, o rombo bateu o recorde de US$ 25 bilhões, o dobro de 2012. Em 12 meses, chega a US$ 67 bi.
O Brasil hoje tem reservas cambiais altíssimas, e a entrada de investimento estrangeiro é muito forte. Mas é bom não esquecer que mesmo na mais favorável das situações uma crise externa pode nos atingir, como foi em 2008, quando a crise americana fez o dólar disparar aqui e muitas empresas tiveram dificuldades financeiras. Algumas grandes, como Sadia e Aracruz.
As notícias econômicas de quarta e quinta-feira mostram como é curto o cobertor da economia: se no combate à inflação o socorro virá de fora, com a redução de alguns preços, essa queda das cotações acontecerá em commodities que o Brasil exporta e isso torna o cenário para a balança comercial mais cinzento.
O país está colhendo uma safra recorde e está com déficit comercial de US$ 6,4 bilhões até a terceira semana de abril. Tudo bem se o negativo fosse resultado do aumento de importação de máquinas e equipamentos para elevar a produtividade e competitividade da economia brasileira. Mas a maior parte do resultado vem de importação de gasolina e, em grande parte, feita no ano passado e jogada na estatística desse ano.
Nesse contexto, os dois diretores que votaram contra o aumento da taxa de juros disseram que está havendo uma "reavaliação do crescimento global" e que se esse processo for intenso e duradouro "poderá ter repercussões favoráveis sobre a dinâmica dos preços domésticos". Em outras palavras, o que eles acreditam é que o mundo pode crescer menos, derrubar os preços e nos favorecer.
Mas este é o mesmo fenômeno que pode dificultar a recuperação da balança comercial e tornar o câmbio mais instável. E se o dólar subir, haverá impacto inflacionário.
Mesmo assim, todos os diretores consideraram que a "inflação está em nível elevado", tem muita "dispersão", ou seja, afeta um percentual elevado de preços pesquisados, e mostra "resistência". Os dois que votaram contra a elevação dos juros apenas achavam que era o caso de esperar mais.
O problema é que a ajuda para o combate à inflação que eles poderiam ter internamente não dá para contar. Se, por um lado, eles dizem que trabalham com um cenário de cumprimento da meta fiscal, em outro, falam que a política fiscal está expansionista. Em nenhum cenário o BC enxerga a inflação no centro da meta até o final de 2014 e isso quer dizer que não teremos taxa de 4,5% durante todo o mandato da presidente Dilma Rousseff. As projeções para 2014 subiram, desde a ata de março, tanto nas contas do mercado quanto nas do Banco Central.
O BC combate a inflação com doses cautelosas de elevação de juros e sabe que não pode contar com a ajuda da política fiscal. O país não está em crise, mas bem ele não está: o crescimento está muito baixo; a inflação, persistentemente alta; e o déficit nas contas externas, piorando.
Hoje, déficit em transações correntes não é detonador de crise, como já foi no passado, mas note o gráfico abaixo. A conta corrente - que agrega comércio, juros, lucros enviados, turismo, frete - estava superavitária até 2007, e depois entrou numa escalada de déficit. No primeiro trimestre, o rombo bateu o recorde de US$ 25 bilhões, o dobro de 2012. Em 12 meses, chega a US$ 67 bi.
O Brasil hoje tem reservas cambiais altíssimas, e a entrada de investimento estrangeiro é muito forte. Mas é bom não esquecer que mesmo na mais favorável das situações uma crise externa pode nos atingir, como foi em 2008, quando a crise americana fez o dólar disparar aqui e muitas empresas tiveram dificuldades financeiras. Algumas grandes, como Sadia e Aracruz.
As notícias econômicas de quarta e quinta-feira mostram como é curto o cobertor da economia: se no combate à inflação o socorro virá de fora, com a redução de alguns preços, essa queda das cotações acontecerá em commodities que o Brasil exporta e isso torna o cenário para a balança comercial mais cinzento.
O país está colhendo uma safra recorde e está com déficit comercial de US$ 6,4 bilhões até a terceira semana de abril. Tudo bem se o negativo fosse resultado do aumento de importação de máquinas e equipamentos para elevar a produtividade e competitividade da economia brasileira. Mas a maior parte do resultado vem de importação de gasolina e, em grande parte, feita no ano passado e jogada na estatística desse ano.
Nesse contexto, os dois diretores que votaram contra o aumento da taxa de juros disseram que está havendo uma "reavaliação do crescimento global" e que se esse processo for intenso e duradouro "poderá ter repercussões favoráveis sobre a dinâmica dos preços domésticos". Em outras palavras, o que eles acreditam é que o mundo pode crescer menos, derrubar os preços e nos favorecer.
Mas este é o mesmo fenômeno que pode dificultar a recuperação da balança comercial e tornar o câmbio mais instável. E se o dólar subir, haverá impacto inflacionário.
Mesmo assim, todos os diretores consideraram que a "inflação está em nível elevado", tem muita "dispersão", ou seja, afeta um percentual elevado de preços pesquisados, e mostra "resistência". Os dois que votaram contra a elevação dos juros apenas achavam que era o caso de esperar mais.
O problema é que a ajuda para o combate à inflação que eles poderiam ter internamente não dá para contar. Se, por um lado, eles dizem que trabalham com um cenário de cumprimento da meta fiscal, em outro, falam que a política fiscal está expansionista. Em nenhum cenário o BC enxerga a inflação no centro da meta até o final de 2014 e isso quer dizer que não teremos taxa de 4,5% durante todo o mandato da presidente Dilma Rousseff. As projeções para 2014 subiram, desde a ata de março, tanto nas contas do mercado quanto nas do Banco Central.
O BC combate a inflação com doses cautelosas de elevação de juros e sabe que não pode contar com a ajuda da política fiscal. O país não está em crise, mas bem ele não está: o crescimento está muito baixo; a inflação, persistentemente alta; e o déficit nas contas externas, piorando.
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