Os juros altos entorpeceram a economia brasileira. Criaram ilusões e não venceram a inflação crônica
A dificuldade de explicar a inflação em economias como a do Brasil é tanta que em determinados momentos isso já deu margem para o surgimento de teorias esdrúxulas, que até vinculavam a trajetória dos preços a uma certa fraqueza de caráter de habitantes dos trópicos. Quando os sistemas econômicos eram aparentemente simples ficava mais fácil vincular a inflação à quantidade de moeda em circulação, conceituando-se como tal o dinheiro emitido somado aos depósitos bancários. Hoje, se as autoridades monetárias só olhassem para esse conceito estariam perdidas. Se o Tesouro quer reforçar o caixa do BNDES emite títulos e entrega ao banco. Isso vira "moeda" de imediato, pois há um mercado que garante liquidez diária para eles, com considerável ajuda do Banco Central, que não deixa o sistema financeiro "micar" com esses papéis (no máximo, pode impor alguma perda nas chamadas operações compromissadas, quando fica evidente que o banco assumira riscos demasiados).
Não fosse esses mecanismos, que sempre funcionaram bem no Brasil, o país já teria ficado, anos atrás, pior do que a Grécia atual, por absoluta insolvência do setor público (chegamos a ficar próximo disso, em certos momentos).
Em face dessa confusão de "moedas" é difícil combater a inflação pelo lado puramente monetário, pois nem se sabe o efeito que as medidas clássicas ocasionam na economia real. Uma alta na taxa de juros pode ter impacto inverso ao desejado, da mesma maneira que uma baixa. Somente agora, com a dívida líquida do setor público reduzida, correspondendo a 35% do Produto Interno Bruto, o Tesouro consegue ir eliminando a parcela do endividamento que se apoia em papéis de curtíssimo prazo. Sem "matéria-prima" disponível, os mercados estão buscando novos caminhos para remunerar a poupança financeira. A ilusão do almoço grátis, com a possibilidade de nos acomodarmos confortavelmente como rentistas ainda persiste, mas certamente diminuiu com a queda dos juros no ano passado.
Esse é um tipo de "ganho" ou melhor, "perda" da ilusão sobre os juros altos eternos, não mensurável, mas que sem dúvida contribuirá para a economia brasileira ter uma inflação "mais normal" no futuro. Os juros excessivamente altos não conseguiram quebrar o círculo vicioso da indexação. Não há categoria profissional que não aguarde ansiosamente no Brasil pela data do dissídio coletivo; o aumento do salário mínimo, no primeiro dia do ano, já virou um acontecimento político; alugueis, anuidades escolares, impostos são corrigidos anualmente, porque também é preciso repor as perdas com a elevação de custos e despesas. Nesse ambiente, a inflação só cai com oferta abundante ou demanda reprimida a tacape.
E como não surgem propostas factíveis para desatar esse nó, a única terapia que os mercados rlamam é o do tacape dos juros altos. Na sua próxima reunião, é possível que o Comitê de Política Monetária (Copom) volte a elevá-los. Tomara que a alta seja em doses moderadas, que não signifiquem um retrocesso em relação ao terreno conquistado nessa batalha contra os juros que entorpeceram a economia brasileira por tanto tempo."
Economia esfinge
Já na reta final do primeiro trimestre, ainda discutimos sobre quanto o Brasil deverá crescer em 2013. A economia brasileira é uma esfinge, que ameaça devorar quem não a decifra.
Linhão de fibras ópticas
A enorme linha de transmissão de energia elétrica que interligará Manaus e Macapá ao resto do país, co-nectando-se em Tucuruí ào sistema nacional, está pronta, e sua contribuição rião se restringirá à eletricidade. Pelas torres também passa agora uma rede de fibras ópticas, que ficará aos cuidados da TIM, vencedora da licitação entre as operadoras de telecomunicações. Como é de hábito no setor, a rede será compartilhada com outros operadores que vêm negociando contratos com a TIM. Hoje a Amazônia é atendida basicamente por satélite e sistemas de microondas, com estações base que ficam junto a rodovias, e são de difícil manutenção. A fibra óptica possibilitará um avanço considerável não só nos serviços de voz (as ligações interurbanas de e para Manaus terão mais qualidade), mas também na transmissão de dados e imagens. Sem as linhas de transmissão de energia elétrica, esse investimento em telecomunicações seria inviável. E o uso compartilhado certamente contribuiu para reduzir o custo do investimento, feito pelo consórcio responsável pelo novo linhão. A TIM tinha apenas nove quilômetros de fibras ópticas, há poucos anos. Agora sua malha passa de 54 mil quilômetros.
Nenhum comentário:
Postar um comentário