O Brasil precisa relaxar num bom divã e fazer a seguinte análise: por que temos tanto medo de comércio exterior? Por que o país é tão defensivo quando o assunto é comércio internacional? Vinte e dois anos depois da abertura comercial, o país ainda aposta em defesa, joga na retranca, mais do que em aumentar a competitividade estrutural da economia.
Essa é a conclusão da conversa com o presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, e com o presidente da Winner Desenvolvimento Empresarial, Joseph Tutundjian, no programa da GloboNews.
José Augusto, a exemplo de Tutundjian, acha que o Brasil está ficando isolado e dá um exemplo:
- O Mercosul é união aduaneira e por isso não podemos fazer acordos com nenhum país sem eles. O Nafta é uma área de livre comércio e eles podem fazer acordos e têm feito. Nós só pensamos em defesa comercial, o governo acabou de contratar mais 60 técnicos para a área.
Castro acha que o Brasil deveria aproveitar a exigência descabida da Argentina do uno por uno - a cada dólar importado pela Argentina o Brasil tem que importar um deles também - para garantir sua liberdade de fazer acordos:
- Estamos exportando menos manufaturados para a Argentina e perdendo espaço para os produtos chineses porque eles estão aumentando a importação da China.
É cada vez mais comum ouvir que o Mercosul foi uma boa ideia, que elevou o comércio regional do Brasil, mas acabou virando uma trava que nos impede de avançar.
- O Brasil joga na retranca desde sempre. Em comércio exterior, já entra em campo com medo de perder. Quem joga na retranca tem campo de ação limitado. E essa atitude protecionista é a ponta do iceberg das nossas ineficiências. Por que o empresário quer se defender? Porque sabe que tem o custo tributário, o da infraestrutura - diz Tutundjian.
Ele acha que o governo está com a atitude errada diante do anúncio de acordo de comércio transatlântico unindo Estados Unidos e Europa.
- O governo disse que não podemos ficar afobados com esse acordo. Temos que ficar afobados, sim, e saber o que vamos fazer. É uma revolução, um deslocamento para o hemisfério Norte de um terço do comércio mundial, os dois grandes blocos fazendo um acordo entre si - disse Tutundjian.
José Augusto lembra que Brasil e Estados Unidos são competidores. Em vários casos vendem as mesmas commodities, como soja, carne, milho.
- O mercado que eles querem é o mesmo que nós queremos, por isso temos que nos preocupar. O café que exportamos para a Europa é tributado, o colombiano não é tributado e isso porque eles têm acordo e nós não temos. Portanto, acordo faz diferença.
Tutundjian acha que esse é um velho problema do Brasil:
- Historicamente, temos uma relação complicada com o comércio exterior. Quem se fecha, aceita ser fornecedor de segunda classe, porque sabe que não tem competitividade. Quando o Brasil era fechado, e tinha o mercado interno para a sua indústria, os produtos brasileiros eram ruins e caros.
Uma informação dada por José Augusto de Castro nem divã resolve. Ele acha que faltam US$ 5 bilhões de compras feitas pela Petrobras e que não foram ainda contabilizadas no comércio. Fez o cálculo a partir da comparação entre as próprias declarações da empresa de aumento de compras e das estatísticas oficiais. Ontem, o Banco Central anunciou que em janeiro o déficit em transações correntes atingiu o recorde para o mês ao superar US$ 11 bi. Em grande parte foi o déficit comercial de janeiro que pesou nas contas externas.
Essa é a conclusão da conversa com o presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, e com o presidente da Winner Desenvolvimento Empresarial, Joseph Tutundjian, no programa da GloboNews.
José Augusto, a exemplo de Tutundjian, acha que o Brasil está ficando isolado e dá um exemplo:
- O Mercosul é união aduaneira e por isso não podemos fazer acordos com nenhum país sem eles. O Nafta é uma área de livre comércio e eles podem fazer acordos e têm feito. Nós só pensamos em defesa comercial, o governo acabou de contratar mais 60 técnicos para a área.
Castro acha que o Brasil deveria aproveitar a exigência descabida da Argentina do uno por uno - a cada dólar importado pela Argentina o Brasil tem que importar um deles também - para garantir sua liberdade de fazer acordos:
- Estamos exportando menos manufaturados para a Argentina e perdendo espaço para os produtos chineses porque eles estão aumentando a importação da China.
É cada vez mais comum ouvir que o Mercosul foi uma boa ideia, que elevou o comércio regional do Brasil, mas acabou virando uma trava que nos impede de avançar.
- O Brasil joga na retranca desde sempre. Em comércio exterior, já entra em campo com medo de perder. Quem joga na retranca tem campo de ação limitado. E essa atitude protecionista é a ponta do iceberg das nossas ineficiências. Por que o empresário quer se defender? Porque sabe que tem o custo tributário, o da infraestrutura - diz Tutundjian.
Ele acha que o governo está com a atitude errada diante do anúncio de acordo de comércio transatlântico unindo Estados Unidos e Europa.
- O governo disse que não podemos ficar afobados com esse acordo. Temos que ficar afobados, sim, e saber o que vamos fazer. É uma revolução, um deslocamento para o hemisfério Norte de um terço do comércio mundial, os dois grandes blocos fazendo um acordo entre si - disse Tutundjian.
José Augusto lembra que Brasil e Estados Unidos são competidores. Em vários casos vendem as mesmas commodities, como soja, carne, milho.
- O mercado que eles querem é o mesmo que nós queremos, por isso temos que nos preocupar. O café que exportamos para a Europa é tributado, o colombiano não é tributado e isso porque eles têm acordo e nós não temos. Portanto, acordo faz diferença.
Tutundjian acha que esse é um velho problema do Brasil:
- Historicamente, temos uma relação complicada com o comércio exterior. Quem se fecha, aceita ser fornecedor de segunda classe, porque sabe que não tem competitividade. Quando o Brasil era fechado, e tinha o mercado interno para a sua indústria, os produtos brasileiros eram ruins e caros.
Uma informação dada por José Augusto de Castro nem divã resolve. Ele acha que faltam US$ 5 bilhões de compras feitas pela Petrobras e que não foram ainda contabilizadas no comércio. Fez o cálculo a partir da comparação entre as próprias declarações da empresa de aumento de compras e das estatísticas oficiais. Ontem, o Banco Central anunciou que em janeiro o déficit em transações correntes atingiu o recorde para o mês ao superar US$ 11 bi. Em grande parte foi o déficit comercial de janeiro que pesou nas contas externas.
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