O GLOBO - 12/02
O baixo crescimento da economia brasileira em 2012, contrariando as previsões oficiais do início do ano, acionou um sinal de alerta. O diagnóstico de que o país poderia crescer de maneira sustentável estimulando basicamente o consumo mostrou-se falho. Isso porque a demanda gerada pelo aumento da massa salarial e a criação de empregos não tiveram contrapartida pelo lado da oferta, como bem destacou o Banco Central na ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom).
Se a oferta não acompanha a demanda, é possível que se deva ao fato de os empresários terem dúvida sobre se a procura se manterá ao longo tempo com a atual política econômica. Especialmente nos segmentos da indústria, houve um evidente quadro de perda de competitividade.
Na tentativa de mudar esse quadro, o governo forçou um barateamento do crédito, estimulou uma considerável desvalorização do real no segundo semestre do ano passado, e ainda tem promovido desonerações tributárias pontuais. Outro passo nessa tentativa foi a redução das tarifas de energia elétrica, da ordem de 30% para o setor industrial. E o mais recente foi a adoção de regras mais atrativas para os investidores nas futuras concessões de rodovias federais, algumas com previsão para 2013.
Essa talvez seja a mais emblemática das iniciativas, pois assinala que o governo reconheceu que as demonstrações anteriores de intervencionismo estatal em marcos regulatórios somente estavam contribuindo para assustar os empresários, em vez de despertar o chamado “espírito animal”, tão propalado como uma das condições necessárias para impulsionar os investimentos e o crescimento econômico.
O governo se apoia em alguns indicadores para acreditar que o rimo de atividade econômica em 2013 será mais intenso. Tanto a produção como as vendas de veículos em janeiro apresentaram expansão acima das expectativas. Os desembolsos do BNDES relativos a empréstimos já concedidos avançaram 25% no primeiro mês do ano em relação a igual período de 2012, e o banco estima que esse resultado se repetirá em fevereiro.
Se efetivamente o governo tiver se convencido que é a insuficiência de investimentos o gargalo que aprisionou a economia brasileira a um contexto de baixo crescimento — e é —, ficará mais fácil encontrar soluções para os problemas. Atrasos nos programas de concessões para diferentes setores da infraestrutura, incertezas regulatórias, desatinos na política fiscal (a ponto de se recorrer a uma “contabilidade criativa” para fechar as contas só formalmente dentro das metas), leniência quanto à trajetória de inflação, tudo isso gerou um ambiente de dúvidas que fez os investimentos se retraírem. Se antes a economia brasileira aparecia na mídia internacional como uma das promissoras, agora tem sido alvo de críticas e até de descrédito.
Nenhum comentário:
Postar um comentário