O IBC-Br de novembro em 0,4%, divulgado pelo Banco Central, foi melhor do que o esperado, mas há grande risco de o PIB do quarto trimestre decepcionar de novo. As projeções apontam para uma taxa abaixo de 1%. Há quem preveja até menor que os 0,6% do terceiro tri. Os investimentos terão a sétima queda trimestral seguida. O primeiro trimestre de 2013 pode também ser fraco.
Se for confirmado o 1% do PIB em 2012, o governo Dilma chegará à metade do mandato com crescimento médio de 1,85%. O primeiro governo FHC cresceu 3,25%, em média, nos dois primeiros anos. No segundo mandato, cresceu 2,25%, na mesma comparação. No primeiro de Lula, deu 3,4%, e no segundo, 5,55%, também nos dois primeiros anos.
As previsões mais frequentes são de que o PIB pode crescer em torno de 3% em 2013, mas persistem as mesmas incertezas que levaram a economia a minguar em 2012. O economista Armando Castelar, da FGV, acha que as mudanças na área de energia provocarão um primeiro trimestre de paralisia de investimento. A queda do preço não muda isso, segundo ele, porque há dúvidas sobre o suprimento e o preço elevado no mercado spot pode levar eletrointensivos a revenderem suas sobras, em vez de aumentarem a produção.
Os números mostram que a economia brasileira está num processo de desaceleração contínuo desde o terceiro trimestre de 2010, quando saiu de uma taxa de 7,6% de alta e desceu a 0,9% no terceiro tri de 2012. Nada indica reversão no final do ano passado. A esperança é de que mude durante 2013.
O dado oficial do PIB de 2012 só será divulgado no dia primeiro de março, pelo IBGE. Mas os números até aqui não são bons. A produção industrial, até novembro, está com queda de 2,6%. A balança comercial fechou o ano com o pior saldo dos últimos 10 anos. A formação bruta de capital fixo, sinônimo de investimentos, caiu 3,9% de janeiro a setembro.
Para o quarto trimestre, a Tendências Consultoria estima alta de 0,4% no PIB, menos que os 0,6% do terceiro. Alguns indicadores, já divulgados, decepcionaram. O fluxo de caminhões pesados nas estradas ficou 1% menor, na comparação com o terceiro tri. A expedição de papelão ondulado, termômetro das encomendas industriais, caiu 0,5%. Mas o consumo de energia subiu 2,1%, na mesma comparação.
O economista Fábio Silveira, da RC Consultores, estima que os investimentos terão nova queda no quarto trimestre, de 1,2%, que seria a sétima retração trimestral consecutiva. A capacidade ociosa da indústria continua alta e ela tem peso de mais de 50% nos investimentos. Se há máquinas paradas, não há razão para os empresários aumentarem a capacidade de produção.
- Até dezembro, eu acreditava que os investimentos pudessem se recuperar no primeiro semestre deste ano. Mas isso só vai acontecer no segundo semestre. Há ainda ociosidade na indústria - disse Silveira.
O que mais ajudou no último trimestre foi a produção de veículos, que subiu 4%. Mas ela foi impulsionada pelas vendas do IPI reduzido. Uma notícia boa é que os empresários continuam confiantes. O HSBC tem um indicador que mede a confiança dos empresários e ele se manteve acima de 50 pontos entre setembro e dezembro, o que significa otimismo e crescimento. A FGV também faz pesquisa parecida e ela subiu 1,9% no quarto trimestre. Ainda assim, isso é pouco para dizer que a economia recuperou o vigor.
Para o ano de 2012, a Tendências estima que o crescimento será de 0,8%. A indústria, que no cálculo do PIB engloba também a construção civil, deve cair 0,8%. Os investimentos devem fechar com queda de 3,7%. A agropecuária, com retração de 1,2%, porque houve quebras de safras no início do ano. Puxando a economia, continuam o setor de serviços, o consumo das famílias e os gastos do governo.
A crise externa explica apenas uma parte do baixo crescimento. A economista Monica de Bolle, da Galanto Consultoria, lembra que o quadro no começo deste ano é bem melhor lá fora. Há sempre a dúvida fiscal americana, mas a Europa saiu da beira do abismo e os EUA estão em um início de retomada do crescimento.
Nossas principais travas ao crescimento mais forte continuam sendo internas. O cenário é de o Brasil sair de uma economia fria, para um nível de atividade morna ao longo do ano. Podem haver surpresas, mas, segundo Monica, mais risco de ter surpresas para menos do que para mais.
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