O ESTADÃO - 30/12
Crescer, crescer, crescer. Em praticamente todos os países, a política econômica está voltada prioritariamente para a criação de empregos que, por sua vez, está condicionada à geração de riquezas. Masate quando se pode contar com o crescimento econômico?
Nas últimas semanas, a pergunta vem sendo objeto de debates na imprensa mundial com base em trabalho publicado em agosto pelo economista Robert J. Gordon (foto),professor de Macroeconomia da Northwestern University, Cambridge, Estados Unidos (veja também o Confira).
A avaliaçãode Gordon é de que a contagem regressiva para um período de crescimento zero já começou. Ele parte do princípio de que o avanço econômico global desde o século 17 está associado a revoluções industriais. A primeira delas cobriu o período que vai de 1750 a 1830 e se seguiu à invenção da máquina a vapor. A segunda, entre 1870 e 1970, foi consequência da utilização intensiva da energia elétrica e do petróleo e marcada pela produção em série. A terceira, que teve início nos anos 60, baseia-se no avanço da informática e da Tecnologia da Informação.
Gordon entende que os ganhos de produtividade baseados na Tecnologia da Informação vão se esgotar rapidamente e que, logo depois, virá o anoitecer.
Embora entre os pressupostos da política econômica estejam os de que o crescimento econômico durará para sempre, as teorias sobre seu colapso vêm lá de trás. Começaram no século 18, com o economista inglês Thomas Malthus, que chegou à conclusão de que a população mundial crescia muito mais depressa do que a produção de alimentos. Se não houvesse drástico controle da natalidade, estariam próximos os dias da grande fome e da estagnação econômica.
Nos anos 70, o Clube de Roma publicou um livro intitulado Os limites do crescimento, que provocou um vendaval. Partiu do princípio de que os recursos naturais estavam em fase de esgotamento e que, mais dia menos dia, o crescimento estancaria.
Mais ou menos no mesmo sentido, ficou famosa uma frase do biólogo americano Edward Osborne Wilson: "Precisaríamos de mais quatro planetas Terra se for para sustentar toda a população do mundo aos padrões de consumo dos Estados Unidos".
Uma a uma, essas predições vêm sendo desmentidas - ou adiadas. A revolução verde que multiplicou a produção dos alimentos, grandes descobertas de petróleo e de matérias-primas, a reciclagem dos materiais e certo controle do desperdício foram fatores que afastaram a idéia do fim do crescimento.
E provável que a era iniciada com a Tecnologia da Informação tenha mais fôlego e mais o que dar do que imagina Gordon. Também não se pode descartar de antemão que novas descobertas (como a produção de energia elétrica a partir da fusão nuclear, há anos perseguida por importantes centros de pesquisa) inaugurem nova era de intenso crescimento.
No entanto, como aponta o Prêmio Nobel de Economia de 2008, Paul Krugman, pouco ou quase nada sabem os especialistas e os centros de proj cção sobre o crescimento a longo prazo. Provavelmente, em conseqüência dos seguidos desmentidos das teorias malthusianas e de variações sobre elas, a idéia dos limites do crescimento desperta pouco interesse. Mas a crise global e o alastramento do desemprego podem levar mais gente a procurar mais luz e mais respostas para a questão.
Nas últimas semanas, a pergunta vem sendo objeto de debates na imprensa mundial com base em trabalho publicado em agosto pelo economista Robert J. Gordon (foto),professor de Macroeconomia da Northwestern University, Cambridge, Estados Unidos (veja também o Confira).
A avaliaçãode Gordon é de que a contagem regressiva para um período de crescimento zero já começou. Ele parte do princípio de que o avanço econômico global desde o século 17 está associado a revoluções industriais. A primeira delas cobriu o período que vai de 1750 a 1830 e se seguiu à invenção da máquina a vapor. A segunda, entre 1870 e 1970, foi consequência da utilização intensiva da energia elétrica e do petróleo e marcada pela produção em série. A terceira, que teve início nos anos 60, baseia-se no avanço da informática e da Tecnologia da Informação.
Gordon entende que os ganhos de produtividade baseados na Tecnologia da Informação vão se esgotar rapidamente e que, logo depois, virá o anoitecer.
Embora entre os pressupostos da política econômica estejam os de que o crescimento econômico durará para sempre, as teorias sobre seu colapso vêm lá de trás. Começaram no século 18, com o economista inglês Thomas Malthus, que chegou à conclusão de que a população mundial crescia muito mais depressa do que a produção de alimentos. Se não houvesse drástico controle da natalidade, estariam próximos os dias da grande fome e da estagnação econômica.
Nos anos 70, o Clube de Roma publicou um livro intitulado Os limites do crescimento, que provocou um vendaval. Partiu do princípio de que os recursos naturais estavam em fase de esgotamento e que, mais dia menos dia, o crescimento estancaria.
Mais ou menos no mesmo sentido, ficou famosa uma frase do biólogo americano Edward Osborne Wilson: "Precisaríamos de mais quatro planetas Terra se for para sustentar toda a população do mundo aos padrões de consumo dos Estados Unidos".
Uma a uma, essas predições vêm sendo desmentidas - ou adiadas. A revolução verde que multiplicou a produção dos alimentos, grandes descobertas de petróleo e de matérias-primas, a reciclagem dos materiais e certo controle do desperdício foram fatores que afastaram a idéia do fim do crescimento.
E provável que a era iniciada com a Tecnologia da Informação tenha mais fôlego e mais o que dar do que imagina Gordon. Também não se pode descartar de antemão que novas descobertas (como a produção de energia elétrica a partir da fusão nuclear, há anos perseguida por importantes centros de pesquisa) inaugurem nova era de intenso crescimento.
No entanto, como aponta o Prêmio Nobel de Economia de 2008, Paul Krugman, pouco ou quase nada sabem os especialistas e os centros de proj cção sobre o crescimento a longo prazo. Provavelmente, em conseqüência dos seguidos desmentidos das teorias malthusianas e de variações sobre elas, a idéia dos limites do crescimento desperta pouco interesse. Mas a crise global e o alastramento do desemprego podem levar mais gente a procurar mais luz e mais respostas para a questão.
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