FOLHA DE SP - 15/11
SÃO PAULO - A crise na segurança pública de São Paulo já é comparável à de 2006 (quando a facção criminosa PCC promoveu três ondas de ataques no Estado), mas, mesmo assim, o governo Geraldo Alckmin continua a cometer um erro atrás de outro na condução do problema.
O primeiro foi subestimar a quadrilha, inebriado pelo sucesso obtido na redução dos casos de homicídios dos últimos anos. "O que eles têm são 30, 40 pessoas que controlam o tráfico em larga escala", disse mais de uma vez o secretário da Segurança Pública, Antonio Ferreira Pinto. Pois esse "grupelho" promoveu uma verdadeira matança de policiais militares neste ano. Desde janeiro, 94 PMs foram assassinados, quase o dobro de 2011 (51) e um pouco menos do que em 2006 (104).
Alckmin também demorou muito para agir, temendo prejudicar a campanha eleitoral de José Serra a prefeito. Esperou o fechamento das urnas para realizar uma operação em Paraisópolis, local onde foi tramada a morte de vários policiais. O detalhe é que o governo de São Paulo já sabia do envolvimento de criminosos dessa favela nos assassinatos desde pelo menos o mês de agosto, quando a Polícia Federal prendeu um deles em Santa Catarina.
Só depois da eleição, também, o governador resolveu montar ações em conjunto com o governo federal. E, ainda assim, cometeu a imprudência de mandar um dos chefes da quadrilha para uma penitenciária em Rondônia.
No passado, medidas como essa ajudaram a organização criminosa a se estabelecer em outras regiões do país, como várias autoridades já reconheceram. Hoje, estima-se que o PCC atue em pelo menos 15 Estados, além de São Paulo.
Minimizando o problema e demorando a tomar providências, o governo paulista perdeu controle sobre uma parte da Polícia Militar, que partiu para um contra-ataque fora da lei, matando quem vê pela frente, criminoso ou não.
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