quinta-feira, novembro 15, 2012

Investimentos não surgem se os investidores fogem - EDITORIAL O ESTADÃO


O Estado de S.Paulo - 15/11


O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), que procura ser uma antecipação do Produto Interno Bruto (PIB), caiu 0,52% no mês de setembro com ajuste, e no acumulado do ano registra crescimento de 0,92%. O resultado desmontou as esperanças de reação da atividade econômica no terceiro trimestre, que ficou em 1,15%.

Os resultados de julho a setembro, de 8% do comércio varejista restrito e de 9,3% do ampliado, não chegaram a compensar, no PIB, a queda de 2,8% da produção industrial.

A presidente Dilma Rousseff declarou que o País precisa de uma reação do setor industrial, mas não tentou explicar o recuo que ele vem atravessando. Uma análise rápida mostra claramente a culpa do governo, que proclama a necessidade de os investimentos crescerem, mas não parece dar-se conta de que para isso são necessários investidores, que o próprio governo faz de tudo para afastar.

É fácil apontar exemplos de como as atitudes do governo contribuem para que a poupança privada deixe de comparecer em investimentos que têm caráter de urgência.

Um exemplo típico é o da Petrobrás, que, depois de ter descoberto grandes jazidas de petróleo, precisa realizar vultosos investimentos para explorá-las. Porém o governo, tentando conter a inflação com expedientes fáceis, decidiu manter o preço interno da gasolina bem abaixo do que pagamos para importá-la. A empresa estatal é que fica com o ônus de financiar a diferença e, naturalmente, perde receita, o que repercute negativamente sobre a sua capacidade de investir.

Essa política atinge também os acionistas da empresa, que, com razão, esperavam um lucro maior, cuja consequência seria a elevação do valor das ações da Petrobrás na Bolsa de Valores, que hoje não param de cair. Os acionistas, nesse caso, além de não terem vontade de manter esses papéis em suas carteiras de aplicações, terão ainda menos vontade para subscrever um eventual aumento de capital.

O mesmo fenômeno parece se repetir no setor essencial da energia elétrica. A presidente Dilma anunciou uma redução de 20% do seu custo para a indústria, com caráter compulsório e com base num cálculo duvidoso sobre a rentabilidade do capital aplicado. Isso também pode se tornar fator de fuga de capitais das aplicações em ações de empresas de energia, um setor que necessita de grandes investimentos, absolutamente indispensáveis para os propósitos que o próprio governo, e o País, alimenta.

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