ZERO HORA - 07/11
Faz tempo que deixei de ser publicitária e talvez, por isso, já não preste tanta atenção no que se faz no setor, mas “Rio Grande do Sim” reacendeu em mim o entusiasmo da ex-profissional de marketing que fui. Que ideia bacana, não só pela criatividade da expressão, mas pela pertinência do movimento.
Estou totalmente solidária à ADVB e espero que essa campanha consiga de fato mudar a nossa mentalidade. Chega de sermos tão desconfiados em relação ao novo, tão defensivos, tão protecionistas de nossas raízes, como se tudo o que viesse de fora fosse prejudicial, e não evolutivo.
Para abrir um viaduto, algumas árvores terão que ser transplantadas. Para desenvolver um parque na beira do rio, algumas mudanças no traçado original serão necessárias. Para atrair investimentos, é preciso negociar com mais jogo de cintura.
Não há desenvolvimento sem algum custo – o que se deve é ter bom senso para quantificar se esse custo é tolerável ou abusivo. A população viaja para grandes centros, como Nova York, e volta deslumbrada pela “cidade que não dorme”, mas não faz nada para permitir que Porto Alegre seja menos sonolenta.
Claro que cada construção e cada desconstrução requerem consenso, não se pode escancarar porteiras sem ouvir todos os lados atingidos, mas é preciso que cada um de nós – e esse é o grande desafio da campanha – reflita profundamente sobre si mesmo.
Até onde nosso conservadorismo impede de termos experiências novas? Por que tanto medo de mudar? Que trajetória de vida é essa que se pretende igual do nascimento à morte, sem sustos, sem surpresas, sem erros, sem acertos, sem nada que seja palpitante? Falta-nos mais ousadia.
Eu mesma já fui um exemplo de rigidez. Até anos atrás, diante de qualquer pergunta, a primeira palavra que saía da minha boca era “não”. Antes mesmo de entender o que estava sendo proposto: não. Era uma espécie de escudo, uma blindagem natural. Só depois de ouvir as argumentações é que eu relaxava e avaliava a questão sem tanta rejeição prévia, mas aí, tique-taque, o relógio já havia andado. Mudei. Não totalmente, mas bastante.
Não tenho mais tempo a perder. Deixo o sim se instalar com mais rapidez. Consigo fazer o sim prevalecer, mesmo sem garantia, pois aprendi que não existe garantia de nada, nunca. Há que se correr riscos para crescer. Quem não arrisca, atola. Não sai do lugar.
Que se faça muito barulho com essa campanha. Para acordar a todos nós.
Um convite: no próximo sábado estarei na Feira, às 16h, autografando meu novo livro, Um Lugar na Janela, que traz diversos relatos de viagens. Manter-se em movimento ajuda a ampliar nossa visão de mundo. Viajemos – nas ideias, inclusive. Hora de sair do chão.
Uma deliciosa quarta-feira para você
2 comentários:
Caro Murilo,
Socializo uma situação constrangedora que vivi ontem e que, acredito, possa ilustrar a necessidade de pensarmos este assunto.
Moro em uma cidade no interior do estado, vim p cá no início do ano pois fui aprovada em concurso público federal. Tenho dois filhos, o mais velho interessou-se por participar do CTG, na invernada artística. Apoiamos totalmente. Ensaiam muito, Fazem belas apresentações, participam de eventos e rodeios, vencem concursos e competições. A questão é que por ter tempo livre já que a cidade não oferece possibilidades de cursos, atividades extras, meu filho quis participar dos ensaios em outra entidade tradicionalista da cidade, com o propósito de não participar de apresentações que envolvessem competições (neste caso, dançaria pelo CTG que o acolheu primeiro). Na segunda feira, a coordenadora da invernada artística do CTG do qual fazia parte, o proibiu de ir no outro CTG. O termo é exatamente este"proibido". Fiquei escandalizada, uma vez que acredito que o objetivo primeiro de uma entidade tradicionalista seja promover e divulgar a cultura do RS e mais, oferecer aos jovens possibilidades de integração, socialização, ampliação do seu universo cultural. Não incitar a competição e a rivalidade entre entidades.
Enfim, fui esclarecer com a pessoa este fato. Segundo ela, o MTG não permite que uma pessoa participe de duas entidades tradicionalistas. No meu ver, essa postura reforça ainda mais o clima de rivalidade que existe entre os dois CTGs da cidade: um é dos ricos o outro é dos pobres da cidade (!!!).
Pobreza, sim, de espírito de quem impõe essa proibição. Mas pior de tudo é a lição de rivalidade que fica para os jovens que são proibidos de integrar-se e participar em outra entidade. Isso é promover o tradicionalismo?
Caro Murilo,
Socializo uma situação constrangedora que vivi ontem e que, acredito, possa ilustrar a necessidade de pensarmos este assunto.
Moro em uma cidade no interior do estado, vim p cá no início do ano pois fui aprovada em concurso público federal. Tenho dois filhos, o mais velho interessou-se por participar do CTG, na invernada artística. Apoiamos totalmente. Ensaiam muito, Fazem belas apresentações, participam de eventos e rodeios, vencem concursos e competições. A questão é que por ter tempo livre já que a cidade não oferece possibilidades de cursos, atividades extras, meu filho quis participar dos ensaios em outra entidade tradicionalista da cidade, com o propósito de não participar de apresentações que envolvessem competições (neste caso, dançaria pelo CTG que o acolheu primeiro). Na segunda feira, a coordenadora da invernada artística do CTG do qual fazia parte, o proibiu de ir no outro CTG. O termo é exatamente este"proibido". Fiquei escandalizada, uma vez que acredito que o objetivo primeiro de uma entidade tradicionalista seja promover e divulgar a cultura do RS e mais, oferecer aos jovens possibilidades de integração, socialização, ampliação do seu universo cultural. Não incitar a competição e a rivalidade entre entidades.
Enfim, fui esclarecer com a pessoa este fato. Segundo ela, o MTG não permite que uma pessoa participe de duas entidades tradicionalistas. No meu ver, essa postura reforça ainda mais o clima de rivalidade que existe entre os dois CTGs da cidade: um é dos ricos o outro é dos pobres da cidade (!!!).
Pobreza, sim, de espírito de quem impõe essa proibição. Mas pior de tudo é a lição de rivalidade que fica para os jovens que são proibidos de integrar-se e participar em outra entidade. Isso é promover o tradicionalismo?
Abç
Maria
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