FOLHA DE SP - 07/11
O Fluminense é o melhor e mais organizado time do Brasileirão. Muitos méritos para Abel Braga
Discordo de que o Fluminense poderia ser campeão com um futebol mais encantador. O time é bom e organizado, o melhor do campeonato, mas não é excepcional nem tão superior a alguns outros. O Flu sabe o caminho. Não se perde nem quer ser melhor do que é. Méritos para Abel Braga.
Diferentemente do Atlético-MG, que não joga bem fora de casa, por depender demais da pressão da torcida e de acuar o adversário, o Fluminense, pelo estilo e serenidade, atua bem e do mesmo jeito em qualquer estádio.
O Fluminense aprendeu com o Corinthians da Libertadores, que aprendeu com os melhores times europeus, como se arma um sistema defensivo com oito ou nove jogadores atrás da linha da bola e como se diminui os espaços entre os setores. No domingo, Lucas e Osvaldo tentavam driblar em velocidade e perdiam a bola. Havia sempre um jogador na cobertura.
Essa maneira de marcar não é nenhuma novidade. Os ingleses faziam isso em 1966, o Brasil, na Copa de 1994, o Boca Juniors ganhou vários títulos no Brasil jogando assim, e o Chelsea eliminou o Bayern e o Barcelona com essa estratégia.
Essa forma de marcar sempre foi vista no Brasil como uma retranca. Hoje, é uma evolução tática, desde que o time, quando recupera a bola, longe do outro gol, saiba discernir o momento de trocar passes, de ficar com a bola e de contra-atacar com velocidade. Há, no Brasil, um excesso de passes longos para o companheiro marcado. A bola vai e volta. É irritante.
Os times brasileiros, especialmente o Corinthians, e quase todos os grandes da Europa, utilizam também, em certos momentos da partida, a marcação por pressão.
O desenho tático atual, 4-2-3-1, muito usado em todo o mundo, é uma variação do tradicional 4-4-2, ou melhor, do 4-4-1-1. Em todas essas formações há um meia de cada lado, que marca e ataca, e um meia pelo centro, que volta para receber a bola e se aproxima do centroavante. As coisas vão e voltam com nomes diferentes e com o marketing de moderno.
Muitos confundem mudanças normais de posição, por causa da mobilidade dos jogadores, com alterações táticas determinadas pelos treinadores.
A seleção brasileira também utiliza o 4-2-3-1, porém, agora, sem centroavante fixo. Além de ficar com mais mobilidade e menos previsível, evita que Neymar volte para marcar o lateral pela esquerda, como teria de fazer se o time tivesse um outro e típico centroavante. Mano Menezes, com razão, quer Neymar mais próximo do gol. Quem volta para marcar o lateral, pela esquerda, é Kaká ou, às vezes, Oscar.
Kaká, pelas características, é mais reserva do atacante Cristiano Ronaldo, no Real Madrid, do que do armador Özil. Isso é péssimo para Kaká. Será sempre reserva.
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