FOLHA DE SP - 07/11
Alguns investidores estrangeiros têm preocupação com o que chamam de "recente ativismo" do governo federal. Manifestam a impressão de que o Brasil acordou de um longo sono e que, de repente, tenta enfrentar os problemas que escondeu durante anos:
1º) A incapacidade de ver que a evolução tecnológica na indústria e nos serviços exigiria muito mais talento do que no passado e que, portanto, o investimento em educação teria de ser apressado e redobrado para sustentar mais robustas taxas de crescimento econômico;
2º) A destruição do seu sistema de planejamento estratégico dos investimentos em infraestrutura, iniciada em 1985 e completada em 2003 -com a extinção definitiva da Empresa Brasileira de Planejamento de Transporte (Geipot);
3º) O abandono dos programas de desenvolvimento regional que levou os Estados a políticas defensivas de incentivos fiscais que produziram graves distorções alocativas do ponto de vista da economia nacional;
4º) O laxismo no aperfeiçoamento da competência dos organismos de governo, acompanhado pelo "aparelhamento" que levou à quase falência da administração pública, para a qual contribuíram eficazmente intervenções exageradas do Ministério Público e dos Tribunais de Contas e, às vezes, ideológica, dos órgãos de controle ambiental.
A dúvida dos investidores é, assim, muito menos com a qualidade das políticas fiscal, monetária e cambial e muito mais com a evolução salarial pública, sujeita às pressões dos sindicatos instalados nos Poderes Executivo e Legislativo e diante do alto nível de emprego no setor de serviços, o que pode terminar em maior inflação ou maior taxa de juro real.
Receio, também, que o "a-tivismo" recente que ataca em todas as direções, aparentemente sem hierarquia e prioridades adequadas, termine produzindo mais calor do que luz, devido ao excesso de voluntarismo.
Uma parte da crítica disfarça o mau humor dos investidores com o retorno em dólares na Bovespa (-8%) contra +20% no IPC (índice da Bolsa mexicana) e o fim do ganho fácil e sem risco no Brasil.
A crítica, no entanto, ignora o esforço bem-sucedido do governo para controlar os salários públicos e a recente criação da EPL (Empresa de Planejamento e Logística), entregue a um competente profissional, o sr. Bernardo Figueiredo, egresso do antigo e bem-sucedido Geipot, e da qual se espera a organização dos investimentos em infraestrutura.
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