A decisão da Moody's de não elevar o "rating" do Brasil, ao contrário do que se esperava, foi interpretada como uma reação ao baixo crescimento econômico nestes dois últimos anos. Isso, sem dúvida, pesou na decisão, mas foi apenas um entre vários fatores decorrentes das mudanças da política econômica. Nesse sentido, a decisão da Moody's representa uma advertência ao governo.
Alguns meses atrás, a condução da economia brasileira era considerada um modelo a imitar, pela política monetária ortodoxa, pela preocupação de manter a dívida pública em nível razoável e pela busca de um saldo administrável das transações correntes do balanço de pagamentos. Tudo isso contribuiu para que fossem respeitadas as preocupações do governo de melhorar as condições sociais do País e para que não fosse atribuída grande importância ao fato de a inflação ser mais elevada que a registrada em outros países. Também não se considerava grave a demora em realizar reformas estruturais e em corrigir falhas de infraestrutura.
Mas a política econômica mudou totalmente. O tripé sobre o qual estava construída, apesar das negativas das autoridades monetárias, foi, em grande parte, abandonado. A política de juros foi implantada de maneira pouco cautelosa, a meta de inflação tornou-se um mito e o câmbio é regido por uma política ambígua. Faltava renunciar à meta fiscal - o que agora acontece com uma redução do superávit primário que certamente será maior que a anunciada.
Outras intervenções do governo foram erradas. A inflação é manipulada pelo governo, que se recusa a reajustar o preço da gasolina, impedindo, assim, a Petrobrás de dispor dos recursos necessários para seus investimentos. A intervenção tempestiva nos setores elétrico e de comunicações foi outro equívoco.
A obsessão do governo em promover o crescimento tendo por base a expansão do consumo doméstico - e não os investimentos - impõe ao País o preço de uma desindustrialização que aumenta o déficit da balança comercial.
São essas mudanças que explicam a atitude da Moody's e que nosso governo deveria receber como uma advertência. Não nos devemos deixar enganar por alguns fatos que as autoridades costumam apontar como prova da plena confiança em nossa economia. Os Investimentos Estrangeiros Diretos estão entre eles: com US$ 66 bilhões nos últimos 12 meses, mostram apenas o interesse de multinacionais num mercado interno que o governo promove.
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