A exemplo do que ocorre em outros países, as bicicletas andam em moda também nas cidades brasileiras. Em São Paulo, a mais populosa, complexa e congestionada, sua disseminação acarreta problemas nada triviais.
A Pesquisa Origem e Destino, feita de dez em dez anos pelo Metrô de São Paulo, mostrou em 2007 que aconteciam 38 milhões de deslocamentos por dia na região metropolitana -21% mais que em 1997.
Deste total, 34% eram viagens não motorizadas, a maioria delas a pé. Os percursos em bicicletas eram 304 mil, número que hoje se estima em cerca de 350 mil.
Embora represente pouco no quadro geral (percursos em automóveis eram 10,4 milhões por dia em 2007), a presença de ciclistas quase dobrou entre 1997 e 2007.
O levantamento indicou que a maioria das viagens de bicicleta ocorre em bairros periféricos e não é feita por lazer. São claros, todavia, os sinais de que nos últimos anos o uso para fins recreativos ou utilitários aumenta também em bairros de renda alta.
Setores da juventude de classe média pressionam para que ciclistas ganhem na prática o reconhecimento que têm no Código de Trânsito Brasileiro e possam compartilhar as vias, de maneira pacífica, com outros meios de transporte.
As autoridades municipais parecem atuar de maneira cosmética ou atabalhoada, como se estivessem antes preocupadas em contemplar um modismo politicamente correto do que em integrar esses veículos no trânsito paulistano de modo menos arriscado.
A prefeitura criou 57,5 km de ciclovias, a maioria longe de vias importantes, e 36 km de Ciclofaixas de Lazer (aos domingos e feriados). Nada que se compare a uma infraestrutura cicloviária planejada e funcional para a cidade.
Mais do que iniciativas pontuais, é preciso organizar um sistema de ciclovias permanentes, rotas e bicicletários que facilite o acesso do ciclista ao transporte público, em especial trens e metrô, e o induza, nos bairros, a trafegar por vias mais adequadas e seguras.
A ausência dessa infraestrutura só favorece a indisciplina e a impunidade -até dos próprios ciclistas, diga-se-, além de estimular conflitos com os demais veículos.
É necessário, ainda, que a ampliação das ciclofaixas observe critérios. São bem-vindas, mas sua multiplicação gera transtornos e dificulta o acesso de outros cidadãos a vários destinos na cidade.
Mesmo nos domingos e feriados, os paulistanos ainda precisam usar o carro, dada a precariedade dos transportes públicos.
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