FOLHA DE SP - 24/11
SÃO PAULO - Saíram as notas do Enem por escolas. Amanhã, universitários farão o Enade. A essas provas somam-se Saresp, Prova São Paulo, Prova Brasil etc. A profusão de exames para medir a qualidade do ensino em todos os âmbitos atesta que a avaliação veio para ficar.
E é ótimo que seja assim. Até meados dos anos 90, quando esses testes foram introduzidos, o nível do ensino das diversas redes só podia ser adivinhado. A definição de políticas partia de exercícios de imaginação.
Implantar a avaliação não foi fácil. Autoridades tiveram de enfrentar a resistência dos alunos e a oposição dos sindicatos, mas as provas foram se multiplicando e ganhando sofisticação. Hoje, com o auxílio da Teoria da Resposta ao Item (TRI), certos exames permitem comparar estudantes submetidos a provas diferentes e avaliar a performance de uma instituição ao longo do tempo.
Não se deve, porém, perder de vista que os testes são uma ferramenta para promover a qualidade do sistema, não um fim em si mesmo.
O modo como o público e a mídia recebem esse emaranhado de exames tampouco é o mais sábio. É tolice, por exemplo, imaginar que haverá mudanças importantes nas notas ou nos rankings todos os anos. Se elas vierem, o mais provável é que tenha havido um problema com o universo de examinandos ou a prova. Ganhos e perdas na educação tendem a seguir ritmo incremental.
A própria ideia de ranking merece cautela. Listas de melhores e piores são úteis, mas é necessário levar em conta as limitações da avaliação.
Um caso emblemático é o das escolas particulares de elite, que travam disputas milimétricas pelas primeiras posições no Enem. É fácil ganhar frações de ponto selecionando só os melhores alunos para fazer a prova, que não é obrigatória. Assim, um colégio que ofereça bolsas para alunos pobres ou que não expulse os repetentes acaba, mais por suas virtudes que defeitos, perdendo posições.
Nenhum comentário:
Postar um comentário