FOLHA DE SP - 24/11
BRASÍLIA - O clima para a presidente Dilma Rousseff em sua base de apoio no Congresso anda um pouco carregado. Líderes aliados têm reclamado um bocado do que classificam de estilo "intransigente" e "inflexível" da petista.
Queixam-se da sua falta de abertura para negociações no Legislativo, terreno que os partidos governistas, principalmente o PMDB, buscam controlar para não ficarem totalmente reféns do Palácio do Planalto.
O tom de insatisfação só faz crescer a cada projeto que chega ao Congresso. Foi assim recentemente com o Código Ambiental. Repete-se agora com a medida provisória que autoriza a renovação das concessões do setor elétrico e reduz o valor das tarifas de energia.
No caso atual, ninguém vai ficar abertamente contra a proposta do governo. Seria o mesmo que ficar contra boa parte da população. Afinal, a medida faz todo sentido, num país onde o custo da energia é um dos mais altos do mundo.
Líderes partidários, contudo, queriam fazer algumas alterações na busca de atender certos pedidos. Só que a presidente mandou dizer que nada disso, quer a MP aprovada do jeito que está e ponto final. Ela conhece muito bem o poder do lobby do setor no Congresso.
Um aliado, que até concorda e vai votar a favor da MP, diz que a presidente poderia ser menos "mandona" e mais conciliadora. Para ele, o sentimento geral entre seus pares é que, se pudessem, abandonariam a base aliada já.
Só que ainda é muito cedo para reações emotivas, afirma. Traduzindo, não dá para ficar sem as benesses do governo -cargos e verbas- no meio do mandato presidencial.
O fato é que, para desgosto dos aliados, o estilo presidencial não vai mudar. Se ela chegar forte ao final do mandato, com economia girando a 4%, esse pessoal não vai ter outra saída, terá de seguir no barco dilmista. Vai dar é uma vontade danada de pedir a volta do Lula.
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