A campanha de segundo turno traz uma série de recados ao eleitor. O primeiro deles é a resistência de todos os partidos. Inclusive dos menores. Muito se falou nos últimos tempos sobre o que seria do Democratas, o partido que já ocupou o papel de uma das agremiações mais importantes da política brasileira e hoje amarga o encolhimento. O DEM foi alvo de tudo e de todos e foi dado como morto. Perdeu governadores de todas as formas: José Roberto Arruda, no Distrito Federal, expulso da legenda; e Raimundo Colombo, de Santa Catarina, que seguiu para o PSD na mesma passada do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab. Nesta eleição, não foi o mais feliz dos partidos. Perdeu prefeitos, mas comemorou a marca de mais de 3 mil vereadores eleitos.
Diante desse resultado e da vitória de João Alves em Aracaju e do segundo turno de ACM Neto em Salvador, os projetos de fusão parecem arquivados. Se de forma definitiva ou temporária, o tempo dirá. Mas o partido quer sobreviver, ainda que menor.
No geral, há uma visão na sigla de que a oposição tem sido acanhada. A avaliação é a de que os problemas enfrentados pelo governo em qualquer campo têm sido mais fruto de desentendimentos internos na própria base do que por iniciativa dos oposicionistas. As maiores derrotas do Planalto no Congresso, por exemplo, vieram por parte dos aliados. O PMDB foi peça fundamental para a derrota do governo no Código Florestal — um projeto tratado à parte da queda de braço governo versus oposição. O mesmo ocorreu com a rejeição de Bernardo Figueiredo para a Agência Nacional de Transportes Terrestres no ano passado pelo Senado, pontos em que a oposição apenas surfou, sem ser a indutora dos problemas.
Por falar em base…
No quesito base governista, os recados são ainda mais claros. Cristalinos como a mensagem do ex-presidente Lula ontem em Fortaleza. No palanque em defesa de Elmano de Freitas, do PT, Lula foi direto ao dizer que, até 2014, precisa poupar a voz e tomar muita água para estar firme em prol da reeleição da presidente Dilma Rousseff. Para bons entendedores, a mensagem para o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, do PSB, citado como potencial candidato a presidente da República, foi mais ou menos assim: “Eduardo, não se assanhe, porque moverei montanhas em favor de Dilma e do meu partido”.
Nessa tarefa de mover montanhas, o segundo turno eleitoral já deu à presidente Dilma a certeza de que, em 2014, contará com o PMDB. O partido desistiu de lançar candidato em Belo Horizonte para atender a um pedido dela. Segue com Fernando Haddad em São Paulo, onde o ex-candidato Gabriel Chalita não só apoia, como faz campanha pelo petista na cidade. Diante desses gestos, pelo menos até onde a vista alcança, o partido está praticamente fechado com ela, embora queira ainda algumas “provas de amor” para ficar onde está. Leia-se aí espaço no governo da presidente Dilma. Se não conseguirem esse quesito, só ficarão calmos se Dilma mantiver seus índices de popularidade inalterados no ano que vem. E, pelo andar da carruagem, ela atingirá esse objetivo.
Enquanto isso, na sala da Justiça…
A única coisa que pode atrapalhar a presidente hoje, avaliam alguns integrantes do governo, é o próprio PT e o ódio que cega, que pode levar os integrantes do partido inconformados com o julgamento da Ação Penal 470 a mirar inclusive os aliados. Certa vez, quando ainda deputado, o atual ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, soltou a frase: “Não se preocupe, porque, se não houver problemas, tem gente nossa que cria”. Dentro do governo, a frase soa bem atual.
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