RIO DE JANEIRO - Na sala de estar de uma bela casa na zona sul, o prefeito Eduardo Paes (PMDB) busca entender a aparente rejeição que sofre das parcelas mais ricas e intelectualizadas da população carioca.
Por que, afinal, grande parte dos chamados formadores de opinião, especialmente a classe artística, está com Marcelo Freixo (PSOL)?
Na sua rotina de prefeito-candidato, que faz o dia parecer ter mais de 24h, tem feito microencontros com representantes dos mais escolarizados (entre os quais, tem 36% das intenções de voto, contra 34% de Freixo) e mais ricos (há empate em 40%).
Vindo de agenda de campanha na zona oeste, o candidato chegou, atrasado, de calça jeans e camisa branca, para conversar com um pequeno grupo, formado majoritariamente por produtores culturais simpáticos a seu principal adversário.
"Eu quero voto", explica com sinceridade o prefeito ao ser questionado sobre porque estava ali, se hoje, com 53% na pesquisa Datafolha, seria eleito em primeiro turno.
"Tem gente que não vai com a minha cara. Não quero ser uma unanimidade." Mas, sem modéstia, diz que "todo mundo está reconhecendo que o Rio está melhor".
Em seu discurso, a palavra "sofisticado" foi repetida inúmeras vezes, seja para se definir, seja para classificar o que almeja em várias áreas.
Sob a desconfiança daqueles que acham que está esquecendo a zona sul, assume que "tem, sim, uma prioridade clara" no subúrbio. Mas "não quero que Madureira seja o Leblon".
Com a habilidade de políticos antigos -que dão respostas que não respondem, mas parecem responder- e o pragmatismo de uma nova geração -que passa longe de opções ideológicas-, Paes tenta quebrar resistências. Pode ter conseguido.
Para um político que já passou por PV, PFL (atual DEM), PTB, voltou ao PFL, PSDB e está no PMDB, o contorcionismo é uma especialidade.
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