Tive boas férias, obrigado. Como mandam as boas normas, fomos para bem longe - Argentina ou Uruguai, não me lembro bem, mas com certeza não Paraguai nem Bolívia, sem demérito para esses dois paraísos do turismo continental. Na verdade, pouco importa onde, o importante é sempre passá-las a boa distância das manchetes de casa, para arejar a cabeça e tentar recuperar o otimismo sobre as coisas nossas.
Quase com surpresa, descubro que as notícias do começo da semana parecem suíte (no dialeto das redações, suíte é continuação) do último jornal lido antes da viagem. Pouco importa: pelo menos no assunto político-penal mais importante dos últimos tempos - o julgamento do mensalão no STF, claro - as notícias são animadoras.
O ministro Joaquim Barbosa continua no ar, distribuindo penas severas para os implicados no grande escândalo. Até quinta-feira, a chuva de punições cairá nas cabeças de políticos aliados do PT, filiados a quatro partidos: PP, PR (antigo PL), PTB e PMDB, além de empresários ligados à tramoia. Outra notícia animadora é a revelação acidental, porque prematura, das penas sugeridas por Barbosa: vão de sete a 12 anos de cadeia, além de multas pesadas. É castigo de bom peso e também - vale a esperança - como alerta para todo candidato a espertalhão na vida pública.
Advogados dos réus protestaram, como era esperado e devido, e com argumentos até curiosos, como o de que o julgamento é cruel, por ser fatiado - o que, disse um deles, implicaria num fatiamento da honra dos acusados. Nenhum se atreveu a falar em inocência, o que é bastante significativo. E o mais leigo dos observadores poderia lembrar que aquilo que realmente importa é que as penas sejam proporcionais aos crimes. O tamanho das fatias é detalhe.
Para os partidos políticos, mesmo aqueles sem representantes no banco dos réus, é de grande importância tirar o melhor proveito possível da chuva de condenações que vem por aí. Isso significa estabelecer, no papel e na prática, normas severas de conduta para seus quadros. Por dois bons motivos: amor à ética e instinto de sobrevivência. Não podem esquecer que o processo do mensalão está sendo acompanhado pela opinião pública - graças, é bom lembrar, à farta cobertura da mídia.
E o eleitorado, com ajuda da mídia, costuma ter boa memória.
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