FOLHA DE SP - 15/07
BRASÍLIA - São Paulo, Estado, e São Paulo, capital, acostumaram-se a ser tratados no Brasil como centros do universo -e não apenas por paulistas e paulistanos. Maior economia, polo irradiador de cultura, berço do PT e do PSDB, base de FHC e de Lula, tudo parece começar e acabar em São Paulo. Ou parecia.
Nestas eleições, a presidente da República não se mete nas estripulias de Lula em São Paulo e prefere cuidar de Belo Horizonte. São Paulo é de Lula e, de Minas, Dilma cuida.
Ela vem do PDT e não tem a menor paciência com o PT de São Paulo. Na primeira oportunidade, livrou-se de Palocci e o trocou por Gleisi. Em seguida, chamou Ideli. Elas são do PT, mas uma é do Paraná, e a outra, de Santa Catarina. Um trio feminino e não paulista manda no Planalto.
Agora mesmo, Dilma estuda alternativas ao líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia, do PT-SP, que deixou o pau comendo e viajou na última semana antes do recesso. Não é coisa que líder faça.
Assim, Dilma deixa Lula se divertir em São Paulo, mordendo canelas e tentando trucidar o PSDB, enquanto ela cuida da própria reeleição.
Melchiades Filho já escreveu neste espaço que a eleição de São Paulo reflete o passado, com Lula versus Serra, e a de Belo Horizonte aponta para o futuro. Perfeito.
É ali que todos os principais personagens de 2014 testam forças: Aécio Neves, Eduardo Campos, Michel Temer, Gilberto Kassab. É lá, portanto, a prova de fogo de Dilma, não mais como pupila, mas como líder. Se Lula pode se dar ao luxo de ser quase diletante, Dilma tem de se superar e ser pragmática.
Para Lula, o que interessa é ter o gosto de derrotar a oposição no seu último grande reduto. Para Dilma, o fundamental é fortalecer os laços com o PT e manter unida e sob controle sua imensa e ambiciosa base aliada. O laboratório é BH.
É assim que todas as fichas de 2014 já estão sendo jogadas -e em Minas. Façam suas apostas.
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