O ESTADÃO - 15/06
Após a divulgação do fraco crescimento no primeiro trimestre, várias análises apontaram para a insuficiência do investimento, especialmente do governo federal, como causa desse resultado.
Será que a saída para a recuperação econômica está no investimento? Vejamos.
1. Investimento-Cerca de 90% dele é feito pelas empresas e 10% pelo setor público (3% governo federal e 7% Estados e municípios), destinado principalmente para creches, escolas, postos de saúde, hospitais e vias públicas. Assim, pensar que o deslanche econômico seja feito só pelo investimento do governo federal é olhar a formiga de3 % e não ver o elefante de 90% das empresas.
Além disso, o setor público não tem primado pela pontualidade e pela eficácia na alocação de recursos para obras, dado o cipoal burocrático que é obrigado a cumprir para atender às exigências legais de uso do recurso público, nem sempre corretamente usado. Quando faz concessão, falha no controle e na fiscalização da operação.
Resta o investimento das empresas (estatais e privadas). Nas estatais o destaque é a Petrobrás, que vem cumprindo com atraso seu programa de investimento para abrigar o crescimento na produção, transporte e refinação do petróleo do pré- sal. Exigências de conteúdo nacional podem estar dificultando o cumprimento do cronograma das obras. Além disso, o congelamento dos preços dos combustíveis enfraquece o caixa da empresa, atrasando mais ainda o seu cronograma.
O investimento das empresas privadas só irá deslanchar após a redução dos estoques e a absorção da capacidade ociosa delas. E isso poderá demorar, ainda mais com o espectro do fantasma da recidiva da crise internacional, que está paralisando o investimento em todo o mundo.
De qualquer forma, o empresário cuidadoso só toma a decisão de investir quando prevê a elevação do consumo do seu bem ou serviço. Há, no entanto, um fator favorável com a queda prevista para a Selic, que pode encostar em 5%, como nos países emergentes. A perda do ganho em títulos do governo pode empurrar as empresas para a retomada dos investimentos. Isso fica mais fácil caso o consumo dê mostra de evolução crescente.
2. Demanda - Para crescer é necessário a expansão da demanda, composta 60% pelo consumo das famílias, 20% pela despesa do governo (federal, estadual e municipal) e 20% pelo investimento.
A demanda é atendida pela venda interna (88%) e pela importação (12%). A despesa do governo depende do nível do superávit primário (receita menos despesa exclusive financeira) e da arrecadação, e esta depende do crescimento econômico. Assim, parece mais eficaz expandir o consumo das famílias, que responde por 60% da demanda, e reduzir o superávit primário do que optar pelo investimento com os problemas citados.
3. Estímulo ao consumo - Feito nos últimos anos pelo salário mínimo acompanhando o crescimento, por programas sociais (educação, saúde, habitação, assistência e previdência social) e de renda e pela expansão do crédito a taxas de juros elevadas.
Essa expansão pode levar ao endividamento crescente das famílias, o que amplia a inadimplência e esgota o orçamento doméstico.
Ocorre que parte importante desse endividamento é com juros dos financiamentos. Assim, a política recente de estímulo ao consumo visa à redução do comprometimento doméstico com os juros pela redução das suas taxas. É a forma mais eficaz para ampliar o potencial de consumo sem aumentar a massa salarial, possibilitando reduzir o nível de endividamento das famílias, bem como a inadimplência causada pela agiotagem bancária.
O governo pode, no entanto, contribuir um pouco mais para ampliar a demanda caso decida reduzir o superávit primário, uma vez que poderá economizar com juros pela queda da Selic, o que não afetaria a sua metade déficit público decrescente.
Em síntese, a saída para o crescimento pode estar na ampliação do estímulo ao consumo e na redução do superávit primário. O investimento, com ou sem regulação e / ou concessão, é consequência natural da expansão do consumo. Vale acompanhar.
Será que a saída para a recuperação econômica está no investimento? Vejamos.
1. Investimento-Cerca de 90% dele é feito pelas empresas e 10% pelo setor público (3% governo federal e 7% Estados e municípios), destinado principalmente para creches, escolas, postos de saúde, hospitais e vias públicas. Assim, pensar que o deslanche econômico seja feito só pelo investimento do governo federal é olhar a formiga de3 % e não ver o elefante de 90% das empresas.
Além disso, o setor público não tem primado pela pontualidade e pela eficácia na alocação de recursos para obras, dado o cipoal burocrático que é obrigado a cumprir para atender às exigências legais de uso do recurso público, nem sempre corretamente usado. Quando faz concessão, falha no controle e na fiscalização da operação.
Resta o investimento das empresas (estatais e privadas). Nas estatais o destaque é a Petrobrás, que vem cumprindo com atraso seu programa de investimento para abrigar o crescimento na produção, transporte e refinação do petróleo do pré- sal. Exigências de conteúdo nacional podem estar dificultando o cumprimento do cronograma das obras. Além disso, o congelamento dos preços dos combustíveis enfraquece o caixa da empresa, atrasando mais ainda o seu cronograma.
O investimento das empresas privadas só irá deslanchar após a redução dos estoques e a absorção da capacidade ociosa delas. E isso poderá demorar, ainda mais com o espectro do fantasma da recidiva da crise internacional, que está paralisando o investimento em todo o mundo.
De qualquer forma, o empresário cuidadoso só toma a decisão de investir quando prevê a elevação do consumo do seu bem ou serviço. Há, no entanto, um fator favorável com a queda prevista para a Selic, que pode encostar em 5%, como nos países emergentes. A perda do ganho em títulos do governo pode empurrar as empresas para a retomada dos investimentos. Isso fica mais fácil caso o consumo dê mostra de evolução crescente.
2. Demanda - Para crescer é necessário a expansão da demanda, composta 60% pelo consumo das famílias, 20% pela despesa do governo (federal, estadual e municipal) e 20% pelo investimento.
A demanda é atendida pela venda interna (88%) e pela importação (12%). A despesa do governo depende do nível do superávit primário (receita menos despesa exclusive financeira) e da arrecadação, e esta depende do crescimento econômico. Assim, parece mais eficaz expandir o consumo das famílias, que responde por 60% da demanda, e reduzir o superávit primário do que optar pelo investimento com os problemas citados.
3. Estímulo ao consumo - Feito nos últimos anos pelo salário mínimo acompanhando o crescimento, por programas sociais (educação, saúde, habitação, assistência e previdência social) e de renda e pela expansão do crédito a taxas de juros elevadas.
Essa expansão pode levar ao endividamento crescente das famílias, o que amplia a inadimplência e esgota o orçamento doméstico.
Ocorre que parte importante desse endividamento é com juros dos financiamentos. Assim, a política recente de estímulo ao consumo visa à redução do comprometimento doméstico com os juros pela redução das suas taxas. É a forma mais eficaz para ampliar o potencial de consumo sem aumentar a massa salarial, possibilitando reduzir o nível de endividamento das famílias, bem como a inadimplência causada pela agiotagem bancária.
O governo pode, no entanto, contribuir um pouco mais para ampliar a demanda caso decida reduzir o superávit primário, uma vez que poderá economizar com juros pela queda da Selic, o que não afetaria a sua metade déficit público decrescente.
Em síntese, a saída para o crescimento pode estar na ampliação do estímulo ao consumo e na redução do superávit primário. O investimento, com ou sem regulação e / ou concessão, é consequência natural da expansão do consumo. Vale acompanhar.
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