FOLHA DE SP - 15/06
Talvez seja esse o melhor resumo sobre o atual cenário da CPI do Cachoeira, destinada, salvo grata surpresa, a gerar nada de relevante em termos de novidades sobre o que seria o esquema ilegal do empresário de jogos Carlinhos Cachoeira.
Os depoimentos dos governadores Marconi Perillo (PSDB-GO) e Agnelo Queiroz (PT-DF) apenas reforçaram tal sensação. Nada acrescentaram aos trabalhos da comissão, cujos membros mostraram-se despreparados para inquiri-los de fato.
O que se viu foi muito mais um festival de estocadas entre petistas e tucanos, numa disputa de aplausos para seus aliados. Isso tudo tem pouca serventia para esclarecer as suspeitas relações de Cachoeira com parlamentares, governos e empreiteiras.
O grande resultado auferido nos depoimentos foi obter a quebra dos sigilos bancário e fiscal dos dois governadores -o que gera muito barulho e repercussão, mas rende quase nada. Afinal, foi-se o tempo em que se depositava cheque-fantasma, fruto de ilegalidade, em contas pessoais.
Mais do que nunca, estamos diante de uma CPI que é um palco de guerra entre facções políticas, que mira em adversários e "esquece" de investigar os corruptores por conta do receio de que todo mundo tem um pouco ou muito a perder.
Posso estar enganado, mas os ilusionistas querem entreter o prezado público até o recesso do Legislativo em julho. Depois, vem a eleição municipal e Brasília fica esvaziada. Aí, esqueçam -a não ser que jornalistas descubram algo que a CPI prefere não vasculhar.
O fato é que o instrumento da Comissão Parlamentar de Inquérito, visto até pouco tempo como uma arma contra desvios, vai perdendo sua eficácia e credibilidade.
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