quarta-feira, maio 16, 2012
Nova poupança e política monetária - MARIO MESQUITA
FOLHA DE SP - 16/05/12
AO RESOLVER lidar com a questão da remuneração da poupança, o governo demonstrou coragem política.
O objetivo da mudança, segundo se infere de declarações das autoridades, é ampliar o espaço para a continuidade do processo de redução da taxa básica de juros, que ampara a campanha pela redução também das taxas de juros aos tomadores finais de recursos.
Com isso, e diante dos números fracos de atividade econômica, é bem provável que a taxa básica de juros atinja novos mínimos históricos. Mas a alteração da regra de remuneração da poupança terá implicações que se estenderão além do corrente ciclo de política monetária.
Isso porque, em linhas gerais, a mudança introduzida pelo governo tende a aumentar a potência da política monetária. Isso significa que desvios da taxa de política em relação ao seu nível neutro -a chamada taxa neutra de juros- terão efeitos maiores sobre a atividade econômica e a inflação do que tinham antes das mudanças.
Sob esse ponto de vista, o impacto da nova poupança será tanto maior quanto mais rápida for a migração de parcela majoritária do estoque de poupança para o novo regime. Se isso ocorrer ao longo de quatro a seis meses, o impacto inicial será mais intenso; se a transição durar um par de anos, o impacto inicial deve ser limitado.
Na mesma linha, os efeitos da mudança de remuneração da poupança tenderiam a ser maiores caso a regra valesse para todos os níveis de taxa básica de juros, e não apenas a partir de determinado patamar.
No caso específico das mudanças recém-anunciadas, variações da Selic serão transmitidas automaticamente (embora de forma menos que proporcional) à remuneração da poupança, influenciando o comportamento dos poupadores, que terão mais ou menos incentivos para adiar decisões de consumo.
Com vistas a preparar a economia para um novo ambiente de taxas de juros, outros entraves institucionais deveriam ser enfrentados: crédito subsidiado e meta para a inflação.
Cerca de um terço do total de crédito concedido no país refere-se a empréstimos direcionados, sendo que um quinto a empréstimos do BNDES. Esses últimos têm como taxa básica não a Selic, mas a TJLP (atualmente em 9% e 6% ao ano, respectivamente). Tal fonte de crédito subsidiado evidentemente também reduz a eficácia da política monetária.
No novo ambiente de taxas de juros, seria razoável proporcionar aos tomadores de recursos do BNDES isonomia com os clientes das cadernetas de poupança, ou seja, vincular a TJLP à Selic.
Não havendo ambiente político para a remoção imediata do subsídio embutido nos empréstimos do BNDES, esta poderia ocorrer de forma gradativa, desde que de início seja feita a vinculação entre a TJLP e a Selic, talvez à razão atual -ou seja, a TJLP seria fixa inicialmente em dois terços da Selic.
Com isso, a potência da política monetária teria incremento adicional, dado que uma parcela bem maior do crédito passaria a ser sensível à taxa básica. Nessas circunstâncias, o BC teria sucesso em promover a convergência da inflação para a trajetória de metas com variações menores da Selic.
Por último, mas não menos importante, seria aconselhável utilizar o período desinflacionário da economia mundial para finalmente começar a trazer a meta para a inflação a patamares internacionais. O padrão de taxas de juros nominais vigentes em uma economia inevitavelmente reflete o nível de inflação tolerado.
Uma economia com inflação alta dificilmente terá as mesmas taxas de juros do que outra que preze mais a estabilidade de preços.
Exemplos na região corroboram essa visão. Chile e México perseguem a mesma meta de inflação (3%) e têm, em ambos os casos, taxas de política bem inferiores à praticada no Brasil, 5% e 4,5% ao ano -não é verdade, portanto, que metas de inflação mais ambiciosas levem necessariamente a taxas de juros mais elevadas.
Nessa área, também o governo poderia avançar, ainda que gradativamente, no caminho da normalização das nossas instituições.
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Um comentário:
As mudanças na poupança significam que:
O Banco Central não tem mais compromisso com o controle da inflação. Suas decisões são politicas.
O PT tem a intenção de praticar uma “taxa Selic abaixo da inflação”, ou seja , “juros negativos”. Caso isso aconteça, qualquer investimento em renda fixa, inclusive a poupança, TRANSFORMA-SE EM DESPOUPANÇA, ai, as economias dos Brasileiros que fazem poupança, chamados de modo pejorativo por alguns petistas radicais de “rentistas”, serão destruidas pela inflação, então, “adeus à aposentadoria complementar e outros sonhos de quem se esforça para poupar”. NÃO É CORRETO DESTRUIR AS ECONOMIAS DOS BRASILEIROS PARA AUMENTAR LUCRO DE EMPRESÁRIOS. O TRABALHADOR SÓ TEM COMO GARANTIA A SUA POUPANÇA. QUANDO CHEGA A CRISE OS EMPRESÁRIOS DEMITEM OS TRABALHADORES QUE FICAM SEM NENHUMA PROTEÇÃO POIS AS SUAS ECONOMIAS POUPADAS FORAM CORROÍDAS PELOS JUROS NEGATIVOS PRATICADOS PELO GOVERNO. OS EMPRESÁRIOS NÃO SE PREOCUPAM MUITO COM A INFLAÇÃO POIS REPASSAM OS AUMENTOS DOS PREÇOS NAS MERCADORIAS QUE VENDEM, NO ENTANTO, OS TRABALHADORES NÃO PODEM PROTEGER A SUA POUPANÇA PORQUE O GOVERNO REAJUSTARÁ ESSA POUPANÇA ABAIXO DA INFLAÇÃO BENEFICIANDO PORTANTO OS EMPRESÁRIOS. AS CENTRAIS SINDICAIS AINDA APOIAM ESSA POLITICA DO GOVERNO (ALIÁS, APOIAM TUDO QUE O GOVERNO QUER, POIS SEUS LIDERES VIRARAM POLÍTICOS OPORTUNISTAS), QUANDO OS TRABALHADORES PERCEBEREM JÁ SERÁ TARDE. ESSA SITUAÇÃO JÁ VIMOS ACONTECER EM ALGUNS PAÍSES. APÓS A DESTRUIÇÃO DA ECONOMIA DAS FAMÍLIAS, INSTALA-SE UM CLIMA DE DESÂNIMO NA ECONOMIA, O CONSUMO DAS FAMÍLIAS DIMINUI E ENTÃO VEM A RECESSÃO.
ESPERAMOS ESCLARECER AOS BRASILEIROS O PERIGO QUE A POUPANÇA DOS BRASILEIROS ESTÁ CORRENDO. EXISTE UMA COMPANHA MUITO FORTE (DE NATUREZA IDEOLÓGICA) PROMOVIDA PELO GOVERNO NO SENTIDO DE ALIENAR A POPULAÇÃO EM RELAÇÃO A ESSA QUESTÃO.
ESTÃO CULPANDO AS PESSOAS QUE FAZEM POUPANÇA POR CAUSAR PREJUÍZOS A NAÇÃO. A ESCOLHA DE UMA DETERMINADA CATEGORIA DE CIDADÃOS COMO “BODE EXPIATÓRIO” PARA FAZER POLÍTICA É MUITO RUIM PARA A DEMOCRACIA, NÓS JÁ ASSISTIMOS ISSO NA ALEMANHA NAZISTA (“PERSEGUIÇÃO AOS JUDEUS AGIOTAS”. SÓ FALTA O PT INCENTIVAR AS PESSOAS COMEÇAREM A AGREDIR FISICAMENTE OS CIDADÃOS QUE TEM O HÁBITO DE POUPAR, PORQUE A AGRESSÃO MORAL, ESTA JÁ ESTÁ ACONTECENDO.
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