“Que decepção, né?”
(Demóstenes Torres,senador por Goiás, sobre as acusações que podem lhe custar o mandato)
Nas redes sociais, principalmente, há muitas vozes interessadas em desqualificar o discurso contra a corrupção porque ele foi sustentado com raro desassombro nos últimos anos por um político conservador agora suspeito de cometer graves malfeitos fantasiado de paladino da moralidade. O que pretendem com isso? Banalizar a corrupção? Talvez.
Enfraquecer os que a combatem? Pode ser. Aumentar o ceticismo dos que acompanham sem dar valor às denúncias de novos casos de apropriação do dinheiro público? Na mosca! Este é o objetivo principal de coro tão afinado: os políticos são corruptos. Voto porque a lei me obriga. Mensaleiros? Liga não. Tem por toda parte, do PT ao DEM.
Viram Demóstenes Torres? Logo aquele senador careca, ex-gordinho, recém-casado. Lembram do que ele dizia com tanta convicção? E, no entanto, era bandido como os bandidos que condenava, a serem verdadeiras as provas reunidas contra ele pela Polícia Federal. Por Deus: como acreditar nessa gente?
É desaconselhável acreditar em toda essa gente. Mas é injusto não reconhecer que em meio a toda essa gente há uma parcela de gente séria. Pior do que isso: é burrice imaginar que nada temos a ver com a péssima qualidade dos nossos representantes. Ora, só temos. Não somos nós que os elegemos?
Demóstenes é acusado de ter feito parte da quadrilha do bicheiro Carlinhos Cachoeira, que explorava jogos ilegais no Centro Oeste. Na história recente do Senado ninguém como ele fez do combate à corrupção a razão de ser do mandato. Até outro dia, era um homem acima de qualquer suspeita, dono de uma biografia imaculada.
Quem acompanha as operações da Polícia Federal dá testemunho: nada mais comum do que a reunião de muitos indícios de crimes cometidos por muitas pessoas. O que espanta no caso da operação batizada pela polícia de Monte Carlo é a quantidade brutal de indícios reunida contra uma só pessoa com a projeção política de Demóstenes.
“O pior ainda está por vir”, comentou Demóstenes na semana passada durante conversa com um dos seus companheiros da direção do DEM. Foi no dia em que concordou em deixar o partido. O colega insistiu para que fosse mais claro. Demóstenes recusou-se. Perdeu a verve. Tornou-se monossilábico. Receia estar sendo gravado.
Logo que o mundo começou a desabar sobre a sua cabeça, Demóstenes ouviu um apelo dos que trabalham com ele no Senado: “Senador, diga o que está acontecendo. Diga o que é verdade e o que é mentira em tudo isso que se publica”. Demóstenes baixou a cabeça e nada disse. Há quem jure ter percebido um brilho diferente nos seus olhos.
— Ele não se defende nem mesmo entre amigos — conta um deles, amigo de mais de 20 anos do senador. Só há uma pessoa com quem Demóstenes troca ideias livremente: seu advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, defensor de nove entre dez políticos de Brasília às voltas com acusações pesadas e quase sempre incontornáveis.
Kakay está convencido de que absolverá Demóstenes no Supremo Tribunal Federal. Quanto ao Senado, onde ele será julgado por quebra de decoro... Ali está tudo pronto para ferrá-lo. Se depender do PT, uma CPI será instalada na Câmara para investigar deputados e governadores envolvidos com Cachoeira. O governo deu seu o.k.
Amanhã, o Conselho de Ética do Senado elegerá seu presidente. Que em seguida acolherá a representação do PSOL pedindo a abertura de inquérito para a cassação do mandato de Demóstenes por quebra de decoro parlamentar. O relator do inquérito será escolhido por meio de sorteio. E o trabalho começará de imediato.
As cabeças coroadas de todos os partidos, inclusive as do DEM, se puseram de acordo: o rito de cassação será sumário. O Senado só tem a perder se não decidir rapidinho. O voto é aberto no Conselho de Ética. Saberemos quem votou a favor ou contra a cassação. No plenário o voto é secreto. Não se teme uma surpresa. A conferir.
Nas redes sociais, principalmente, há muitas vozes interessadas em desqualificar o discurso contra a corrupção porque ele foi sustentado com raro desassombro nos últimos anos por um político conservador agora suspeito de cometer graves malfeitos fantasiado de paladino da moralidade. O que pretendem com isso? Banalizar a corrupção? Talvez.
Enfraquecer os que a combatem? Pode ser. Aumentar o ceticismo dos que acompanham sem dar valor às denúncias de novos casos de apropriação do dinheiro público? Na mosca! Este é o objetivo principal de coro tão afinado: os políticos são corruptos. Voto porque a lei me obriga. Mensaleiros? Liga não. Tem por toda parte, do PT ao DEM.
Viram Demóstenes Torres? Logo aquele senador careca, ex-gordinho, recém-casado. Lembram do que ele dizia com tanta convicção? E, no entanto, era bandido como os bandidos que condenava, a serem verdadeiras as provas reunidas contra ele pela Polícia Federal. Por Deus: como acreditar nessa gente?
É desaconselhável acreditar em toda essa gente. Mas é injusto não reconhecer que em meio a toda essa gente há uma parcela de gente séria. Pior do que isso: é burrice imaginar que nada temos a ver com a péssima qualidade dos nossos representantes. Ora, só temos. Não somos nós que os elegemos?
Demóstenes é acusado de ter feito parte da quadrilha do bicheiro Carlinhos Cachoeira, que explorava jogos ilegais no Centro Oeste. Na história recente do Senado ninguém como ele fez do combate à corrupção a razão de ser do mandato. Até outro dia, era um homem acima de qualquer suspeita, dono de uma biografia imaculada.
Quem acompanha as operações da Polícia Federal dá testemunho: nada mais comum do que a reunião de muitos indícios de crimes cometidos por muitas pessoas. O que espanta no caso da operação batizada pela polícia de Monte Carlo é a quantidade brutal de indícios reunida contra uma só pessoa com a projeção política de Demóstenes.
“O pior ainda está por vir”, comentou Demóstenes na semana passada durante conversa com um dos seus companheiros da direção do DEM. Foi no dia em que concordou em deixar o partido. O colega insistiu para que fosse mais claro. Demóstenes recusou-se. Perdeu a verve. Tornou-se monossilábico. Receia estar sendo gravado.
Logo que o mundo começou a desabar sobre a sua cabeça, Demóstenes ouviu um apelo dos que trabalham com ele no Senado: “Senador, diga o que está acontecendo. Diga o que é verdade e o que é mentira em tudo isso que se publica”. Demóstenes baixou a cabeça e nada disse. Há quem jure ter percebido um brilho diferente nos seus olhos.
— Ele não se defende nem mesmo entre amigos — conta um deles, amigo de mais de 20 anos do senador. Só há uma pessoa com quem Demóstenes troca ideias livremente: seu advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, defensor de nove entre dez políticos de Brasília às voltas com acusações pesadas e quase sempre incontornáveis.
Kakay está convencido de que absolverá Demóstenes no Supremo Tribunal Federal. Quanto ao Senado, onde ele será julgado por quebra de decoro... Ali está tudo pronto para ferrá-lo. Se depender do PT, uma CPI será instalada na Câmara para investigar deputados e governadores envolvidos com Cachoeira. O governo deu seu o.k.
Amanhã, o Conselho de Ética do Senado elegerá seu presidente. Que em seguida acolherá a representação do PSOL pedindo a abertura de inquérito para a cassação do mandato de Demóstenes por quebra de decoro parlamentar. O relator do inquérito será escolhido por meio de sorteio. E o trabalho começará de imediato.
As cabeças coroadas de todos os partidos, inclusive as do DEM, se puseram de acordo: o rito de cassação será sumário. O Senado só tem a perder se não decidir rapidinho. O voto é aberto no Conselho de Ética. Saberemos quem votou a favor ou contra a cassação. No plenário o voto é secreto. Não se teme uma surpresa. A conferir.
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