O ESTADÃO - 09/04/12
Entre 2011 e 2014 o Brasil investirá R$ 3,1 trilhões em obras de infraestrutura. É dinheiro para ninguém colocar defeito e que só será alocado se forem contratados os seguros necessários para garantir essa ordem de investimentos.
Em outras palavras, as seguradoras especializadas em grandes riscos, seguros de garantia e seguros financeiros têm um futuro interessante no País. Se todas irão brilhar e se todos os riscos serão devidamente segurados é outra questão.Mas,levando em conta o atual estágio de desenvolvimento da economia brasileira e o passado recente, é de se esperar que não aconteça nenhum percalço mais sério ao longo do caminho.
Veja: R$ 3,1 trilhões são mais de US$ 1,7 trilhões. É algo superior ao Produto Interno Bruto (PIB) de qualquer outro país latino-americano e representa com certeza um dos maiores programas de investimentos em infraestrutura em curso no planeta. Mais que isso, é o contraponto para a crise econômica que abala a Europa e a tábua de salvação de dezenas de mega companhias que estavam perdendo espaço em função da falta de investimentos na maioria dos chamados países desenvolvidos. Também explica porque o Brasil vem logo depois da China entre os chamados BRICs.
O mais interessante é que estes investimentos não se destinam a um único setor ou tipo de obra, mas dizem respeito a ações nos mais variados campos, desde a prospecção de petróleo até a geração de energia baseada em fontes alternativas, passando por toda sorte de projetos de sustentabilidade urbana, transporte, saneamento básico, agronegócio e o mais que compõe o espectro econômico de uma nação com a complexidade socioeconômica do Brasil.
Também não se pode deixar de lado o fato de que esses investimentos não significam o atendimento de todas as demandas do País. Ou seja, após eles outros investimentos surgirão, talvez da mesma ordem de grandeza. Logo, pode-se afirmar, sem muita chance de erro, que até 2020 o Brasil será um enorme canteiro de obras, gerando oportunidades para os mais diversos segmentos, de todos os tamanhos, na indústria, comércio e serviços.
Num cenário como esse a atividade seguradora encontra campo fértil para seu desenvolvimento. Num primeiro momento, ele será puxado pelas obras, pela necessidade de garantir os investimentos para sua realização, pelos contratos para sua execução e também pela própria execução.
Mas esse momento, pela própria dinâmica, gera outros movimentos, num desenho de ondas concêntricas, que, se encaminhando do centro para as bordas, geram uma atividade paralela eventualmente mais importante do que o fato original, criando ou reforçando nichos direta e indiretamente vinculados aos megaprojetos, capazes de gerar novas ondas concêntricas, que se espalham feito um tsunami pelo espectro socioeconômico, criando novas riquezas com incrível rapidez.
Se, no primeiro momento,as seguradoras especializadas em grandes riscos serão as grandes beneficiadas, ao longo do tempo, todo setor de seguros deverá se beneficiar igualmente, pela necessidade do desenvolvimento de atividades de todos os tamanhos e em todos os ramos, abrindo um enorme campo de trabalho para corretores de seguros, seguradoras, resseguradoras, além da grande cadeia de serviços ligados ao negócio.
Um ano pode ser mais difícil do que o outro. Num determinado período um segmento da atividade pode ser atingido por impactos negativos,como o atual patamar dos roubos e furtos de veículos, mas, no todo, a atividade seguradora, ao longo dos próximos cinco anos, deve manter pelo menos o ritmo de crescimento atual.
É verdade que o mercado está se tornando mais exigente e que essa tendência deve se acentuar, obrigando a uma profissionalização cada vez mais consistente dos agentes envolvidos. Nada que não ocorra nos outros setores da vida econômica brasileira e que é consequência direta do enriquecimento nacional. Povo rico é povo consciente de seus anseios, de seus direitos e de suas responsabilidades. Num cená- rio como este não há espaço para amadores.
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