SÃO PAULO - Um dos males de quem avança pelos anos no jornalismo político é a intolerância à repetição. Contrariando Heráclito (de Éfeso, não o Fortes), as mesmas frases, as mesmas maracutaias e o mesmo descaramento teimam em reaparecer periodicamente nesse meio.
À véspera da instalação da CPI do Cachoeira, retorna um velho conhecido: o conjunto de aforismos afetando sabedoria em torno das comissões parlamentares de inquérito no Brasil pós-redemocratização.
Melhor que estar em coma é assistir à exumação do ditado segundo o qual "de CPIs se sabe como começam, mas nunca como terminam". A frase vale para quase tudo, de casamento a jogo de futebol, de pescaria a viagem de avião. Garantidos mesmo, só a morte e o lucro dos bancos.
Mas a mensagem implícita no velho ditado é específica. A CPI seria um animal selvagem a ameaçar o Executivo federal, incontrolável e potencialmente danoso para a estabilidade do governo.
Nesse tópico quem padece da doença circular da história são os sábios que acreditam no mito. Fixaram-se num fato exemplar do passado, a cadeia de acontecimentos que culminou na deposição de Collor de Mello, há quase 20 anos. E vivem a praguejar a sua repetição.
Recessão, desemprego, sequestro da poupança, um presidente mercurial e impopular, envolvido diretamente num escândalo de corrupção, terremoto na base governista, oposição forte. Nada disso se reapresenta.
É um devaneio do Planalto achar que evitará a exposição de relações escandalosas da empreiteira Delta com a esfera governista -assim como é autoilusão petista cogitar que esse caso ofusque o julgamento do mensalão no Supremo.
A marcha de Dilma Rousseff para tornar-se fonte incontrastável de "perspectiva de poder" para 2014, contudo, dificilmente será abalada. O governismo vai perder anéis, mas os dedos estarão preservados.
À véspera da instalação da CPI do Cachoeira, retorna um velho conhecido: o conjunto de aforismos afetando sabedoria em torno das comissões parlamentares de inquérito no Brasil pós-redemocratização.
Melhor que estar em coma é assistir à exumação do ditado segundo o qual "de CPIs se sabe como começam, mas nunca como terminam". A frase vale para quase tudo, de casamento a jogo de futebol, de pescaria a viagem de avião. Garantidos mesmo, só a morte e o lucro dos bancos.
Mas a mensagem implícita no velho ditado é específica. A CPI seria um animal selvagem a ameaçar o Executivo federal, incontrolável e potencialmente danoso para a estabilidade do governo.
Nesse tópico quem padece da doença circular da história são os sábios que acreditam no mito. Fixaram-se num fato exemplar do passado, a cadeia de acontecimentos que culminou na deposição de Collor de Mello, há quase 20 anos. E vivem a praguejar a sua repetição.
Recessão, desemprego, sequestro da poupança, um presidente mercurial e impopular, envolvido diretamente num escândalo de corrupção, terremoto na base governista, oposição forte. Nada disso se reapresenta.
É um devaneio do Planalto achar que evitará a exposição de relações escandalosas da empreiteira Delta com a esfera governista -assim como é autoilusão petista cogitar que esse caso ofusque o julgamento do mensalão no Supremo.
A marcha de Dilma Rousseff para tornar-se fonte incontrastável de "perspectiva de poder" para 2014, contudo, dificilmente será abalada. O governismo vai perder anéis, mas os dedos estarão preservados.
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