SÃO PAULO - Demóstenes Torres surgiu para a política tentando firmar-se como o Catão, o Moço, de nossa República: senador com ideias conservadoras, mas patologicamente íntegro e incorruptível.
Não deu certo. Quanto mais descobrimos sobre suas relações com Carlinhos Cachoeira, mais seus feitos pretéritos cheiram a hipocrisia. Ele entra assim para o clube dos que foram apanhados fazendo o contrário do que pregavam, cujos sócios mais ilustres são políticos e religiosos.
Embora isso não seja muito cristão, adoramos ver moralistas caindo em desgraça por exibir as falhas morais que condenavam. Como observa o psicólogo Jonathan Haidt, experimentamos, quando contemplamos sua queda, a emoção do desprezo, que faz com que nos sintamos melhores do que eles. E isso é gostoso.
Mas é bom tirar esse sorriso de superioridade da cara. Vários experimentos psicológicos recentes confirmam as advertências dos sábios de que somos todos hipócritas.
Um exemplo: quando voluntários tiveram a chance de decidir se seriam eles mesmos ou um parceiro quem ficaria na posição mais vantajosa, metade deles se dispuseram a ser justos e usar uma moeda para tirar a sorte. Dos que não fizeram cara ou coroa, 90% escolheram para si próprios o posto privilegiado. A surpresa é que, entre os que jogaram a moeda, também foram 90% os que acabaram ficando com a parte do leão. É como se as leis da probabilidade tivessem sido milagrosamente suspensas.
A ideia que emerge desses experimentos é que, dispondo de invisibilidade (impunidade assegurada) e de um vestígio de razão moral em que possamos nos apoiar (negação plausível), a maioria de nós trapaceia.
A má notícia para Demóstenes é que, mesmo que ele tenha sido apenas humano, zombar de sua situação e puni-lo são uma necessidade. Sociedades só são estáveis quando castigam os que tentam se dar bem sem pagar sua parte na fatura.
Não deu certo. Quanto mais descobrimos sobre suas relações com Carlinhos Cachoeira, mais seus feitos pretéritos cheiram a hipocrisia. Ele entra assim para o clube dos que foram apanhados fazendo o contrário do que pregavam, cujos sócios mais ilustres são políticos e religiosos.
Embora isso não seja muito cristão, adoramos ver moralistas caindo em desgraça por exibir as falhas morais que condenavam. Como observa o psicólogo Jonathan Haidt, experimentamos, quando contemplamos sua queda, a emoção do desprezo, que faz com que nos sintamos melhores do que eles. E isso é gostoso.
Mas é bom tirar esse sorriso de superioridade da cara. Vários experimentos psicológicos recentes confirmam as advertências dos sábios de que somos todos hipócritas.
Um exemplo: quando voluntários tiveram a chance de decidir se seriam eles mesmos ou um parceiro quem ficaria na posição mais vantajosa, metade deles se dispuseram a ser justos e usar uma moeda para tirar a sorte. Dos que não fizeram cara ou coroa, 90% escolheram para si próprios o posto privilegiado. A surpresa é que, entre os que jogaram a moeda, também foram 90% os que acabaram ficando com a parte do leão. É como se as leis da probabilidade tivessem sido milagrosamente suspensas.
A ideia que emerge desses experimentos é que, dispondo de invisibilidade (impunidade assegurada) e de um vestígio de razão moral em que possamos nos apoiar (negação plausível), a maioria de nós trapaceia.
A má notícia para Demóstenes é que, mesmo que ele tenha sido apenas humano, zombar de sua situação e puni-lo são uma necessidade. Sociedades só são estáveis quando castigam os que tentam se dar bem sem pagar sua parte na fatura.
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