O GLOBO - 20/04/12
São preocupantes as críticas à energia nuclear a partir de hipóteses e pressupostos. Parece faltar conhecimento sobre o Sistema Elétrico Nacional e a indústria nuclear. Seria este posicionamento decorrente de um legítimo sentimento ambiental e de preservação dos interesses do país? Ou estaria ele relacionado a um potencial portfólio de energias que deverão ser introduzidas no país, caso ele deseje recuperar o terreno perdido em termos de consumo de energia per capita?
Que o país é pobre em consumo de eletricidade, todos sabem. Que consumimos entre 20% e 25% do consumo per capita de um país desenvolvido também não é novidade. Qualquer que seja o governo em exercício, uma política pública óbvia é que precisamos de mais eletricidade. Resta saber mediante que perfil de fontes geradoras. Em se tratando de um mercado de dezenas ou centenas de bilhões de dólares, os interesses são igualmente avantajados.
Nossa fonte de eletricidade hidráulica é extensa, mas finita. Prevê-se que o potencial hidráulico possa chegar ao seu limite ao longo da próxima década. Fontes com capacidade de geração na base, além da hidráulica, e em grande quantidade de energia são apenas a nuclear, o gás natural e o carvão. O carvão não possui reservas significativas no país. O gás natural é apenas uma promessa de existir em grande quantidade no pré-sal ou em outra parte do território brasileiro. A fonte nuclear surge como uma forte participante do portfólio de geração de eletricidade nas próximas décadas. Denegri-la, sem fundamentação, pode representar um grande aumento de mercado para as demais, tanto quanto um desserviço para o país.
Não raramente, países vão à guerra em sua busca por combustível. Não é por outro motivo que o Oriente Médio representa uma grande oportunidade para a deflagração de um conflito mundial. Apesar de nosso consumo per capita de eletricidade ainda ser muito reduzido, afetando negativamente a nossa qualidade de vida, temos em nosso território rios, gás, urânio e carvão suficientes para um portfólio reparador de nossa limitação energética através da produção de eletricidade de base. Abrir mão, a priori, de qualquer destas fontes, ainda mais por pretensões mercadológicas, seria um desperdício.
CARLOS HENRIQUE MARIZ E DRAUSIO LIMA são engenheiros e assistentes da presidência da Eletronuclear.
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