FOLHA DE SP - 20/04/12
RIO DE JANEIRO - Na terça-feira, as câmaras do Superior Tribunal de Justiça (STJ), em Brasília, flagraram uma onça-parda caminhando ao longo dos carros em seu estacionamento. Ela não tinha nada a fazer ali -onças não dirigem automóvel nem exercem funções no Judiciário. Mas não foi a onça que invadiu o estacionamento. O estacionamento é que vem tomando os seus domínios.
Sem saber que estava sendo observada, a onça seguia pacificamente a sua trilha, tentando se orientar em meio àqueles novos animais com garras de borracha, pele de lataria e expelindo roncos e gases diferentes dos de seus colegas no mato. Dias antes, ao sair em vão para caçar, já tinha ido parar num descampado entupido daqueles mesmos animais metálicos, só que ao redor de uma grande cabana cheia de comida congelada -um supermercado.
Para sorte da onça, ela não cruzou com ninguém no estacionamento. Não que, apanhado de surpresa, um homem pudesse fazer frente ao seu magnífico porte de até 2,4 m,75 kg e uma mordida capaz de atravessar crânios, cascos, ossos e levar a presa à morte em segundos. Mas, se houvesse ali um confronto, o maior ameaçado seria a onça.
Mesmo a proximidade de um tribunal de Justiça não a livraria do risco. Entre os juízes, há hoje trocas de graves acusações, ouvindo-se expressões como bandidos de toga, corregedores populistas e vendedores de sentenças. Mas, se saísse correndo, decepcionada, a onça cairia nas catacumbas do Executivo, onde se veria cercada por 37 ministérios e exposta a todo tipo de "malfeitos", a maioria, impróprios para onças menores de idade.
E, se, na busca dos amigos, adentrasse os territórios do Legislativo, aí, sim, é que a inocente onça não teria a menor chance. Ao se aproximar do Congresso, sucumbiria em segundos aos miasmas que exalam das duas Casas.
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