FOLHA DE SP - 13/03/12
Banco projeta Selic em 8,5%, mas prevê alta para 2013
O Bradesco passou a projetar a taxa de juros básica, a Selic, em 8,5% neste ano e, em torno do segundo trimestre de 2013, estima que ela voltará a ser aumentada até chegar a 9,75%.
"Mesmo depois do aumento lá na frente, se manteria em um dígito", disse Octavio de Barros, economista-chefe do banco.
"Os juros reais baixos já estão fazendo efeito na atividade e isso ficará inequívoco no segundo e no terceiro trimestres de 2012."
Barros considera que a economia vá atingir 3,7% de crescimento do PIB neste ano, com inflação de 5,3%.
Para o economista, o consumo das famílias seguirá crescendo forte, em 5,7% em 2012. "No primeiro trimestre, o consumo das famílias crescerá a taxas asiáticas anualizadas entre 7% e 8%."
Segundo Barros, quanto ao setor industrial, o maior problema segue sendo a sobreoferta mundial de manufaturados, que deverá perdurar por mais uns dois ou três anos.
"Quando esse excesso de oferta diminuir, teremos mais elementos para avaliar o real impacto estrutural sobre a indústria brasileira nos últimos anos. Minha hipótese é que o setor industrial está experimentando uma mudança no seu modelo de negócios, com uma alteração na sua estrutura de custos a favor de mais componentes importados."
Por essa razão, considera precipitado ser categórico ante o tema da desindustrialização. Barros participou da Conferência Brasil e Itália, ontem, em Brasília.
SOBERBA BRASILEIRA
Fabrizio Saccomanni, diretor-geral da Banca d'Italia, o BC italiano, afirmou ontem, em conferência na Embaixada da Itália, que "as escolhas que o Brasil tomar podem ajudar a consolidar mudanças. O PIB é uma medida. Na Itália, ficamos felizes por superarmos a Inglaterra e, depois, retrocedemos."
Uma suave ironia à comemoração do governo brasileiro ao passar o Reino Unido como sexta economia mundial.
Convidados a participar do evento, ministros brasileiros, dentre eles Mantega, Pimentel e Mercadante, declinaram. Alexandre Tombini, presidente do BC, que confirmara presença, cancelou na última hora e enviou Anthero Meirelles, diretor de fiscalização.
EURO NÃO ESTÁ EM GUERRA CONTRA NINGUÉM
Em outro momento do evento realizado ontem em Brasília, Fabrizio Saccomanni disse que o "euro não está em guerra contra ninguém".
Saccomanni, que trabalhou com Mario Draghi, presidente do Banco Central Europeu, no banco italiano, lembrou que o "ministro do Brasil fala muito em guerra entre as moedas".
Saccomanni não disse o nome, mas foi o ministro Guido Mantega (Fazenda) quem cunhou a expressão "guerra cambial".
"Como banqueiro central, penso que o euro não assumiu atitude de guerra contra ninguém", afirmou.
"São medidas para retomar a economia", acrescentou o diretor-geral do BC italiano.
Brasil faz acordo com Itália para trocar informação financeira
Brasil e Itália assinaram ontem um memorando de entendimento para troca de informações financeiras.
O acordo, segundo o diretor de fiscalização do Banco Central, Anthero de Moraes Meirelles, aumentará o poder do BC para checar as operações feitas por bancos brasileiros lá fora.
O BC já tem acordos semelhantes com vários países. "Com os bancos brasileiros cada vez mais presentes no exterior, essa é uma medida que facilita a supervisão de forma consolidada", disse.
Um dos palestrantes convidados para o seminário Brasil e Itália no Contexto Global: Experiências e Modelos de Desenvolvimento, Meirellles disse ainda que o cenário internacional atual "é complexo e fonte de preocupação".
Segundo ele, os bancos centrais têm elevado a liquidez das suas economias, o que já fez com que, nos últimos meses, € 1 trilhão fosse injetado na economia mundial.
O dinheiro visa suprir a falta de recursos em muitas instituições bancárias e ajuda a desvalorizar as moedas locais, criando um estímulo cambial para as exportações de bens e serviços.
O Brasil, disse Meirelles, tem um colchão de mais de US$ 350 bilhões em reservas internacionais para se proteger, além de R$ 400 bilhões em depósitos compulsórios retidos no BC.
"Na crise de 2008, isso ajudou a recuperar o sistema financeiro, especialmente na distribuição de liquidez."
IMPORTAÇÃO FATIADA
A Allfood Importadora, que comercializa produtos como queijos e frios, começa a fracionar seus importados, após investir na instalação de uma área de fracionamento de alimentos.
A ideia é antecipar uma tendência que deve se instalar no Brasil, com a progressiva proibição de fracionamento em pontos de venda, de acordo com Luciano Almendary, proprietário da importadora.
"Hoje, alguns Estados já proíbem que os supermercados cortem e embalem na hora de vender. Precisa ser feito nessa sala, com ar filtrado, temperatura controlada e práticas de limpeza."
Em tais condições, o alimento se mantém fresco por até 90 dias, segundo Almendary. Entre seus parceiros estão as marcas Président e Negroni.
LIDERANÇA INDESEJADA
A Telefônica voltou a ser, no início deste ano, a companhia responsável pelo maior número de atendimentos no Procon-SP.
Até a última quinta-feira, a empresa de telefonia havia recebido 1.406 queixas em 2012, o que representa uma alta de 26,7% ante o mesmo período do ano passado.
A Telefônica diz que "está trabalhando para identificar as causas do aumento, que pode estar relacionado às chuvas do início do ano".
No ano passado, o Procon-SP realizou 5.918 atendimentos referentes à companhia, número menor apenas do que o da B2W (6.259), que atualmente está em nono lugar.
Em 2010, a Telefônica havia sido responsável por 7.292 atendimentos, índice 23,2% maior que o registrado durante o ano de 2011.
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