O GLOBO - 07/03/12
A coluna Gente Boa denunciou que "113 árvores, algumas com mais de 60 anos, serão retiradas da Praça N. S. da Paz para a construção da estação de metrô". Dessas, se contei direito, 41 têm o tronco tão volumoso que eu não conseguiria abraçar. Os geniais autores da extravagante ideia dizem que elas serão transferidas para outro local e depois voltarão à origem. Olhando as gigantescas árvores, cujas raízes se espalham pelo chão, fiquei curioso de saber como será a operação de extração, transporte e transplante. Na Amazônia, os desmatadores usam grossas correntes para arrancar e arrastar os troncos. Será que vão usar aqui o mesmo sistema? Quem sabe? Outra pergunta é por que, em vez de devastar a praça, ponto de encontro de idosos e local de diversão da criançada, não se faz a estação desapropriando algum imóvel no entorno, como já foi sugerido? Não sei. Vai ver que é para construir outro monstro arquitetônico como o da Praça General Osório, que o governador e o prefeito devem achar bonito.
Por muito menos, em 1980, ainda com ditadura militar, um pioneiro movimento de protesto ecológico ficou como marco de resistência cívica. Quando souberam que para construir um condomínio iam derrubar uma centenária figueira, moradores do Jardim Botânico liderados pelo editor e jornalista Leonel Kaz se mobilizaram, protestaram, recorreram à Justiça e conseguiram que o projeto fosse modificado para que a árvore permanecesse de pé. Além disso, um decreto municipal garantiu a integridade da "Figueira da Rua Faro", que continua lá até hoje como símbolo da luta pela preservação ambiental no Rio.
Falando depois sobre a vitoriosa campanha, Kaz ressaltou a importância dos abaixo-assinados, das passeatas, das notícias na imprensa, mas considerou que foi "imperioso ter ajuizado ações de embargo em todas as instâncias do poder público". Portanto, Associação de Moradores e Projeto de Segurança de Ipanema, é importante recorrer ao Ministério Público, Ibama, Iphan, Inepac e secretarias. Alô, Carlos Minc!
É claro que ajudaria muito se um pouco da energia e da animação despendidas pelos milhares de foliões ipanemenses no carnaval se transformasse em indignação e resolvesse criar o bloco Ocupe a Praça. Nele, até o velhinho aqui seria capaz de desfilar. Puxado pela Alice, claro.
Tendo em vista a experiência vivida na troca de um celular, a grande artista plástica Thereza Miranda aconselha "os idosos a não irem à loja da Vivo de Ipanema sem uma pessoa que entenda de celular, para não serem enganados". É que, em casa, seu filho constatou que o aparelho que lhe fora dado como novo era de péssima qualidade, muito pior do que o antigo, que apresentava defeito. Além disso, a loja se recusou a reparar o erro.
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