FOLHA DE SP - 23/03/12
A presidente Dilma Rousseff reuniu-se com os maiores empresários do país a fim de atiçar-lhes o "espírito animal". A sentença, que estimularia em certos humoristas um punhado de associações, ancora-se na história das ideias econômicas.
O economista britânico John Maynard Keynes (1883-1946) celebrizou o termo "animal spirits" em sua principal obra, "A Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda", de 1936. Ele surge no mais enigmático capítulo do livro, o 12º, que trata das expectativas de longo prazo.
Keynes indaga o que leva alguém a imobilizar uma soma cavalar de capital em empreendimentos cujo sucesso ou fracasso só será conhecido muitos anos depois. Por que construir uma fábrica de chocolates em vez de emprestar o dinheiro ao governo?
Se o retorno (lucro) que se espera do capital empregado na fábrica for maior do que os juros prometidos pelo governo no mesmo período, então a chance de esse investimento vingar é grande. Do contrário, nada feito.
O problema, lembra Keynes, é que não há como saber com suficiente precisão no presente quanto vai render um investimento produtivo ao fim de um prazo longo, "pois a base para fazer esse tipo de cálculo não existe". A lista hipotética do que pode dar errado não tem fim.
A decisão de investir, argumenta Keynes, depende em larga medida da confiança do empresário -uma questão de psicologia, e não de prospecção matemática. A condição ideal para o investimento ocorre, escreve, quando o "cálculo racional se complementa e se sustenta pelo espírito animal, de modo que o pensamento sobre o fracasso é posto de lado, como um homem saudável coloca de lado a expectativa da morte".
O espírito animal, para Keynes, associa-se a um instinto de "otimismo espontâneo", uma propensão natural "para a ação, em vez da inação". Essa tendência "inata para a atividade" é que faz a "engrenagem [da economia e dos empregos] girar".
Dois séculos antes de Keynes, o filósofo escocês David Hume (1711-1776) empregou o termo "animal spirits", o que leva alguns comentaristas a fazer a conexão entre os dois. Mas Hume, em sua proposta de adaptar o método experimental de Isaac Newton às humanidades, parece usar a expressão num sentido mais específico e menos metafórico que Keynes.
O espírito animal, em obras como "Tratado da Natureza Humana", é quase um impulso neuromotor, na protociência da cognição e do conhecimento defendida pelo filósofo no século 18.
De volta ao século 20 e à obra de Keynes, eis o ponto para a iniciativa da presidente brasileira: "A prosperidade econômica depende em demasia de uma atmosfera política e social favorável ao homem de negócios".
O economista britânico John Maynard Keynes (1883-1946) celebrizou o termo "animal spirits" em sua principal obra, "A Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda", de 1936. Ele surge no mais enigmático capítulo do livro, o 12º, que trata das expectativas de longo prazo.
Keynes indaga o que leva alguém a imobilizar uma soma cavalar de capital em empreendimentos cujo sucesso ou fracasso só será conhecido muitos anos depois. Por que construir uma fábrica de chocolates em vez de emprestar o dinheiro ao governo?
Se o retorno (lucro) que se espera do capital empregado na fábrica for maior do que os juros prometidos pelo governo no mesmo período, então a chance de esse investimento vingar é grande. Do contrário, nada feito.
O problema, lembra Keynes, é que não há como saber com suficiente precisão no presente quanto vai render um investimento produtivo ao fim de um prazo longo, "pois a base para fazer esse tipo de cálculo não existe". A lista hipotética do que pode dar errado não tem fim.
A decisão de investir, argumenta Keynes, depende em larga medida da confiança do empresário -uma questão de psicologia, e não de prospecção matemática. A condição ideal para o investimento ocorre, escreve, quando o "cálculo racional se complementa e se sustenta pelo espírito animal, de modo que o pensamento sobre o fracasso é posto de lado, como um homem saudável coloca de lado a expectativa da morte".
O espírito animal, para Keynes, associa-se a um instinto de "otimismo espontâneo", uma propensão natural "para a ação, em vez da inação". Essa tendência "inata para a atividade" é que faz a "engrenagem [da economia e dos empregos] girar".
Dois séculos antes de Keynes, o filósofo escocês David Hume (1711-1776) empregou o termo "animal spirits", o que leva alguns comentaristas a fazer a conexão entre os dois. Mas Hume, em sua proposta de adaptar o método experimental de Isaac Newton às humanidades, parece usar a expressão num sentido mais específico e menos metafórico que Keynes.
O espírito animal, em obras como "Tratado da Natureza Humana", é quase um impulso neuromotor, na protociência da cognição e do conhecimento defendida pelo filósofo no século 18.
De volta ao século 20 e à obra de Keynes, eis o ponto para a iniciativa da presidente brasileira: "A prosperidade econômica depende em demasia de uma atmosfera política e social favorável ao homem de negócios".
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