quarta-feira, março 21, 2012
2013 será o ano da novela Kennedy - ELIO GASPARI
O GLOBO - 21/03/12
Às 12h30m do dia 22 de novembro de 1963, uma bala estourou a cabeça do presidente dos Estados Unidos, e assim começou a maior novela policial de todos os tempos. Quem foi? Com quem? Por quê?
Quem acha o assunto chato terá um ano penoso. Quem acredita que o crime tem um só autor, o ex-fuzileiro Lee Oswald, terá o que fazer, porque surgirão novas dúvidas. Quem acredita em conspiração, como 95% dos autores das centenas de livros e de 100% filmes que trataram do tema, vai se divertir.
A última novidade vem de Brian Latell, um ex-analista da Central Intelligence Agency, que publicará no mês que vem "Castro´s Secrets". Ele já escreveu "Cuba sem Fidel", já editado no Brasil. Agora, Latell revela que, por volta das nove da manhã do 22 de novembro, o ditador cubano reorientou o sistema de escuta e varredura das emissoras de rádios dos Estados Unidos, mandando que os operadores prestassem atenção ao que vinha do Texas. Essa história foi contada à CIA por um funcionário que recebeu a ordem e, mais tarde, asilou-se nos Estado Unidos. Ele diz: "Castro sabia. Eles sabiam que Kennedy seria assassinado." (Para quem gosta de conspiração: a CIA guardou essa informação por muitos anos.)
Latell coloca a hipótese de um troco de Castro no contexto de uma história antiga (e provavelmente verdadeira) na qual um major cubano acionado pela CIA para matar Fidel era um agente duplo. Segundo o livro, em outubro de 1963, ao ter seu visto negado pelo consulado cubano no México, Oswald disse que "mataria Kennedy por isso": "Fidel sabia da intenção de Oswald e não fez nada para impedi-lo."
O assassinato de Kennedy foi investigado por uma comissão de alto nível, presidida pelo chefe da Corte Suprema, Earl Warren. Com 888 páginas e 26 volumes de anexos, ela concluiu que Oswald não teve cúmplices. Um lobo solitário. Tudo o que fez na vida deu errado. Exilou-se na União Soviética, retornou aos Estados Unidos e viveu de biscates. Só teve êxito num projeto improvável: matar o presidente dos Estados Unidos, que passou debaixo de sua janela num carro aberto. Deu três tiros e acertou dois. Ao longo dos últimos 50 anos, a percentagem de americanos que acredita nela oscilou entre 10% e 20%. Em 2003 a teoria da conspiração arrastava 75% dos entrevistados. As hipóteses são tantas que, numa delas, foram disparados 21 tiros contra Kennedy. Hoje, o maior defensor do Relatório Warren é o promotor Vincent Bugliosi. Ele atuou em 106 casos, só perdeu um e jamais deixou homicida solto. Com vinte anos de pesquisas, escreveu "Reclaiming History" ("Resgatando a História - O assassinato do presidente John Kennedy"). São 1.612 páginas, mais 954 de notas. O e-book custa 9,61. Bugliosi sustenta a teoria do lobo solitário rebatendo todas as dúvidas. No ano que vem, apresentará uma minissérie de TV com oito horas de duração .
Passarão mais 50 anos e as teorias conspiratórias continuarão dominando. E não é para menos. Lyndon Johnson, o vice que substituiu Kennedy, não acreditava no Relatório Warren e ia além: "Kennedy queria matar Castro, mas Castro pegou-o primeiro." Mais: a CIA nunca contou à Comissão Warren que tivera o projeto de matar Fidel. O ex-diretor da Companhia, Allen Dulles, era o mais influente membro da comissão.
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