FOLHA DE SP - 24/02/12
O ANO COMEÇOU mesmo fraco, como apontam o balanço do emprego formal, divulgado ontem pelo governo, certos indicadores antecedentes da produção industrial, a prudência nas despesas publicitárias e um certo desânimo entre o pessoal da construção civil (residencial).
São em parte "evidências anedóticas", como os economistas gostam de dizer, e, afora os setores massacrados da indústria, associações empresariais, em conversa de corredores, acreditam em melhoria a partir do segundo trimestre.
Mas o segundo trimestre talvez fique para o terceiro, vamos dizer. É a opinião, por exemplo, dos economistas da consultoria MB Associados, expressa por Sérgio Vale, em relatório divulgado ontem.
Vale ressaltar que os sinais que tem captado são "ainda bastante preliminares". Mas observa que os primeiros indicadores de produção industrial "são bastante ruins e podem prenunciar um resultado um pouco pior para o PIB do trimestre".
"O dado de janeiro da produção industrial pode apresentar queda de até 2% na comparação com dezembro, resultado esse que pode jogar uma recuperação mais importante no terceiro trimestre e não no segundo", escreve Vale.
Embora a indústria desaponte, o que há semanas se reflete nas reduções de estimativas de crescimento para o setor, "é provável que [o setor de] serviços mostrem potencial de crescimento um pouco maior", argumenta Vale.
A MB, pois, não acredita em crescimento horrível para 2012. Prevê, como quase todo mundo, recuperação sobre 2011, quando o PIB não deve ter crescido mais de 2,8%. Neste ano, a economia cresceria 3,5%.
Esse é o número que está nas estimativas das consultorias e bancos mais certeiros. O governo de Dilma Rousseff diz que vai apressar o passo do crescimento para 4,5%.
Por que o setor de serviços andaria mais rápido? Porque há o aumento dos salários menores, o do mínimo em particular, e o desemprego anda baixo, menor em janeiro deste ano do que em 2012.
De fato, os números do mercado de trabalho têm sido surpreendentes. A taxa de desemprego continuou a cair mesmo com o ritmo de crescimento da economia tendo sido reduzido para um terço de 2011 para 2012, embora o crescimento do número de empregados e da renda tenha embicado para baixo.
Os números do cadastro do emprego do Ministério do Trabalho (o Caged, do emprego formal) têm sido frios pelo menos desde outubro. Os de ontem não foram muito brilhantes, mesmo no setor de serviços. No comércio, houve diminuição de 36 mil empregos em janeiro.
Trata-se do "segundo pior resultado para meses de janeiro na série do Caged... somente em janeiro de 2009, na esteira da crise financeira internacional" o emprego no comércio caiu tanto, observa o pessoal da consultoria LCA.
Mas o resultado da indústria de transformação também foi no máximo medíocre: abaixo de janeiro de 2011, semelhante aos dos anos fracos de 2004 e 2005, com o agravante de que desde então há obviamente mais gente para trabalhar.
O ano, de fato, mal começou. O efeito da taxa de juro menor ainda virá. Mas a relativa modorra deste início do ano prenuncia pelo menos um aumento da atividade: o das medidas de estímulo do governo.
São em parte "evidências anedóticas", como os economistas gostam de dizer, e, afora os setores massacrados da indústria, associações empresariais, em conversa de corredores, acreditam em melhoria a partir do segundo trimestre.
Mas o segundo trimestre talvez fique para o terceiro, vamos dizer. É a opinião, por exemplo, dos economistas da consultoria MB Associados, expressa por Sérgio Vale, em relatório divulgado ontem.
Vale ressaltar que os sinais que tem captado são "ainda bastante preliminares". Mas observa que os primeiros indicadores de produção industrial "são bastante ruins e podem prenunciar um resultado um pouco pior para o PIB do trimestre".
"O dado de janeiro da produção industrial pode apresentar queda de até 2% na comparação com dezembro, resultado esse que pode jogar uma recuperação mais importante no terceiro trimestre e não no segundo", escreve Vale.
Embora a indústria desaponte, o que há semanas se reflete nas reduções de estimativas de crescimento para o setor, "é provável que [o setor de] serviços mostrem potencial de crescimento um pouco maior", argumenta Vale.
A MB, pois, não acredita em crescimento horrível para 2012. Prevê, como quase todo mundo, recuperação sobre 2011, quando o PIB não deve ter crescido mais de 2,8%. Neste ano, a economia cresceria 3,5%.
Esse é o número que está nas estimativas das consultorias e bancos mais certeiros. O governo de Dilma Rousseff diz que vai apressar o passo do crescimento para 4,5%.
Por que o setor de serviços andaria mais rápido? Porque há o aumento dos salários menores, o do mínimo em particular, e o desemprego anda baixo, menor em janeiro deste ano do que em 2012.
De fato, os números do mercado de trabalho têm sido surpreendentes. A taxa de desemprego continuou a cair mesmo com o ritmo de crescimento da economia tendo sido reduzido para um terço de 2011 para 2012, embora o crescimento do número de empregados e da renda tenha embicado para baixo.
Os números do cadastro do emprego do Ministério do Trabalho (o Caged, do emprego formal) têm sido frios pelo menos desde outubro. Os de ontem não foram muito brilhantes, mesmo no setor de serviços. No comércio, houve diminuição de 36 mil empregos em janeiro.
Trata-se do "segundo pior resultado para meses de janeiro na série do Caged... somente em janeiro de 2009, na esteira da crise financeira internacional" o emprego no comércio caiu tanto, observa o pessoal da consultoria LCA.
Mas o resultado da indústria de transformação também foi no máximo medíocre: abaixo de janeiro de 2011, semelhante aos dos anos fracos de 2004 e 2005, com o agravante de que desde então há obviamente mais gente para trabalhar.
O ano, de fato, mal começou. O efeito da taxa de juro menor ainda virá. Mas a relativa modorra deste início do ano prenuncia pelo menos um aumento da atividade: o das medidas de estímulo do governo.
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