FOLHA DE SP - 17/02/12
RIO DE JANEIRO - Às vezes, tem-se a impressão de que os americanos levam a democracia longe demais. Embora os jornais só falem de Mitt Romney, Newt Gingrich e um ou dois coadjuvantes como candidatos à Presidência dos EUA, saiba que, neste momento, há cerca de outros 300 aspirantes ao trono, todos registrados e tão aptos a suceder Barack Obama quanto Romney e Gingrich.
Sim, qualquer um pode candidatar-se a presidente nos EUA. Basta ser americano nato, maior de 35 anos e preencher um formulário oficial solicitando inscrição na cédula. É tão simples quanto tirar carteira de motorista, entrar para um grupo de autoajuda para dependentes de sexo ou tornar-se membro do Vigilantes do Peso. Talvez até mais simples. O difícil é ver o seu nome chegar à dita cédula.
Para tanto, o candidato a candidato precisará levantar um mínimo de US$ 5 mil em doações, nada impedindo que o dinheiro saia do seu próprio bolso e desde que ninguém esteja olhando. Supõe-se que, com menos do que isso para bancar a campanha, o pretendente só teria a reunião de condomínio do seu prédio para divulgar sua plataforma.
E não se pense que todos esses pré-candidatos sejam republicanos. A provar que a aversão a Obama não tem cor política, há muitos que querem suceder ao presidente na própria cédula dos democratas -nem os seus correligionários o aliviam.
É possível que vários desses aspirantes nanicos à Casa Branca sejam, de fato, melhores que Obama, muito melhores que Romney e Gingrich, e Bush, Clinton e Reagan, nem se fala. Mas, para chegar à disputa, teriam de vencer as primárias de seus partidos. Como isso não acontecerá e eles continuarão fora da cédula, conclui-se que, mesmo nos EUA, a democracia é relativa, e os americanos terão de virar-se com Obama contra Romney ou Gingrich, e lamber os beiços.
Nenhum comentário:
Postar um comentário