CORREIO BRAZILIENSE - 11/12/11
A largada de 2014 estará em jogo em 2012 tanto na política quanto na economia. Por isso, Aécio se movimenta e os petistas não saem da casa de Lula
Quem prestou atenção aos movimentos da política nos últimos dias já tem uma ideia de quem distribuirá as cartas na sucessão municipal do ano que vem. Da parte da oposição, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) aproveita esse restinho de 2011 para dar alguns passos à frente do ex-governador de São Paulo José Serra, o outro pré-candidato do PSDB. No PT, é Lula.
O primeiro gesto solo de Aécio rumo à candidura foi um almoço com o Democratas na última sexta-feira em Salvador. Ali, ele se colocou claramente como pré-candidato a presidente da República. Conclamou tucanos e Democratas a recuperarem o legado do governo Fernando Henrique Cardoso “abandonado nas últimas campanhas”. Ou seja, fez uma crítica direta a José Serra e ao governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, candidato a presidente em 2006.
Antes de chegar à Bahia, Aécio telefonou para o vice-presidente de Pessoa Jurídica da Caixa Econômica Federal, Geddel Vieira Lima, e pediu a ele que fosse ao almoço. Geddel compareceu. Afinal, é amigo de Aécio há muito tempo. De Salvador, Aécio seguiu para Natal, onde participou do aniversário do líder peemedebista, Henrique Eduardo Alves.
Aécio está fazendo exatamente aquilo que se propôs: percorrer o país animando tucanos e aliados. A romaria começou bem. Seus amigos dizem apenas que ele não pode parar. Senão, corre o risco de seus adversários internos começarema achar que Aécio não deseja a candidatura pra valer, como já ocorreu em outras oportunidades.
A sorte do senador é que o principal adversário interno, José Serra, está hoje enfurnado na sucessão paulistana. Serra não convence mais ninguém de que não será candidato a prefeito e assim deixa o caminho mais livre para Aécio percorrer o país semeando o futuro.
Enquanto isso, em São Bernardo…
Da mesma forma que Aécio busca o PSDB, os petistas procuram Lula. Não passa uma semana sem que o petista-mor receba amigos para tratar de eleição e cenários futuros. A romaria já foi feita por senadores, deputados, governadores, prefeitos.
Engana-se quem pensa no ex-presidente abatido, sem falar. Nos últimos dias, a irritação com os enjoos decorrentes da quimioterapia foi substituída por uma alegria só. As pesquisas internas do PT indicam que a popularidade de Dilma Rousseff vai de vento em popa em São Paulo, onde Aécio Neves não é tão conhecido. Isso, calcula o ex-presidente, soa como um jingle para a campanha de Fernando Haddad na eleição do ano que vem e para a própria Dilma no futuro.
Lula está cada vez mais convencido de que Eduardo Campos, ainda que seja candidato a presidente, somado a Cid Gomes, do Ceará, consegue, com Jaques Wagner da Bahia, e Marcelo Déda, de Sergipe, evitar que os nordestinos migrem com seus votos para a oposição. Ele também acredita que a oposição sairá com ampla vantagem de Minas Gerais, estado que Aécio governou por oito anos. Isso leva a disputa eleitoral de 2014 para São Paulo, onde as brigas internas do PSDB repercutem mal, e para o Sul do país. Por isso, o PT não deixará ainda de lançar candidato em Porto Alegre, e ficará muito atento ao Paraná, estado que o PSDB de Beto Richa comanda com o apoio do PSB na prefeitura de Curitiba.
Lula recebe os petistas dizendo que é hora de deixar o tabuleiro minimamente organizado para o futuro. Aécio vai atrás do PSDB tentando montar seu time. A largada de 2014 estará em jogo em 2012, tanto na política quanto na economia. Afinal, se os indicadores econômicos minguarem — e por enquanto nada indica que estamos livres de um tornado nesse campo — será na politica que o PT tentará se segurar.
Em tempo: até agora, o programa e os comerciais do PT na TV não exibem mensagens de políticos dos partidos aliados. Não é à toa que Aécio Neves começa a procurar o PMDB. Afinal, em política os gestos falam mais do que muitas palavras.
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