Fácil mandar o dedo
RUY CASTRO
FOLHA DE SP - 07/10/11
RIO DE JANEIRO - No dia 27 último, em São José dos Campos (97 km de São Paulo), uma mulher, 27 anos, grávida de quatro meses, foi emboscada em seu carro pelo próprio marido e pela sogra na via Dutra. A sogra, certa de que a criança não era de seu filho, deu-lhe seis tiros, um deles de raspão, na barriga. A mulher se fingiu de morta e, quando se viu segura, ligou o carro e fugiu. Seus algozes a perseguiram em outro carro. Na correria, a mulher entrou na contramão e bateu num caminhão. Por milagre, não morreu. Os agressores, que não a socorreram, estão presos.
Sexta passada, em Brasília, uma estudante de direito, 24 anos, foi morta por seu professor e ex-namorado, 35, com três tiros. Ele a abordou na escola e a levou até o carro dela, no qual também entrou. Discutiram e ele atirou. Depois, cobriu-a com seu paletó e dirigiu 40 minutos até uma delegacia, onde entregou o corpo e se entregou.
Três dias depois, em São Bernardo do Campo (Grande São Paulo), um cliente do Bradesco foi abatido, idem, a tiros, dentro da própria agência, por um vigia. Segundo este, o cliente "poderia" estar armado. Mas não estava. O vídeo mostrou que ele apenas correu para se salvar e levou quatro tiros, três pelas costas. A empresa que contratou o vigia chama-se Protege.
No domingo, em Jaú (287 km de São Paulo), um homem de 59 anos matou também a tiros suas irmãs, 61 e 66, na presença da mãe dos três, esta com 90. O homem disparou apenas três vezes -100% de aproveitamento-, sendo o terceiro tiro em si próprio, e morrendo. Não se sabe a causa da briga.
Homens e mulheres sempre estiveram sujeitos a rompantes assassinos. Mas, com ou sem motivo, esses agora parecem acontecer a todo instante. Com tantas armas em circulação, ficou fácil mandar o dedo.
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