Pobres lá e cá
RUY CASTRO
FOLHA DE SP - 19/09/11
RIO DE JANEIRO - Pelas últimas contas nos EUA, a crise econômica elevou para 46,2 milhões -15,1% da população- o número de americanos abaixo da linha de pobreza. Linha de pobreza, nos EUA, significa uma renda anual de US$ 22 mil -R$ 37 mil- para uma família de quatro pessoas. Com esse dinheiro, quatro brasileiros pobres viveriam muito bem por 5,5 anos.
Pobre nos EUA é quem recebe o equivalente a R$ 770 por mês. No Brasil, é quem ganha R$ 140. Isso faz com que os 46,2 milhões de pobres nos EUA sejam a enormidade de 80 milhões no Brasil -o que deveria bastar para qualquer ex-presidente brasileiro vivo (e ainda há vários por aí) se envergonhar de ter ocupado a cadeira por quatro ou oito anos e deixado tal legado.
Por sorte, tudo é relativo, e a engenhosidade brasileira faz com que, aqui, os números sejam uma coisa no papel e outra na vida real -porque ignoram os ganhos da informalidade. Ao mínimo de R$ 2 por veículo, quanto não fatura um flanelinha carioca que trabalhe dez horas por dia? A R$ 200 por cachorro, quanto não leva para casa um passeador de cachorros paulistano ao fim de 30 dias? E como calcular o que as pessoas simples, mas bem relacionadas, não faturam em Brasília por baixo da mesa? Sem falar nos contraventores, traficantes, bandidos e outros que ficam de fora das estatísticas.
Tudo isso quer dizer que sai mais em conta ser pobre no Brasil do que nos EUA -muito mais. Não esquecer também que o brasileiro pobre não precisa de dinheiro para sapato, agasalho ou trajes sociais -chinelo, camiseta e calção são perfeitamente aceitáveis. Já o americano pobre tem contra ele o inverno, além de eventuais atentados terroristas, terremotos e tufões.
O pior é que o branco americano pobre chega a ser quase um nababo, em comparação com os hispânicos e negros americanos pobres. Estes, sim, coitados.
Pobre nos EUA é quem recebe o equivalente a R$ 770 por mês. No Brasil, é quem ganha R$ 140. Isso faz com que os 46,2 milhões de pobres nos EUA sejam a enormidade de 80 milhões no Brasil -o que deveria bastar para qualquer ex-presidente brasileiro vivo (e ainda há vários por aí) se envergonhar de ter ocupado a cadeira por quatro ou oito anos e deixado tal legado.
Por sorte, tudo é relativo, e a engenhosidade brasileira faz com que, aqui, os números sejam uma coisa no papel e outra na vida real -porque ignoram os ganhos da informalidade. Ao mínimo de R$ 2 por veículo, quanto não fatura um flanelinha carioca que trabalhe dez horas por dia? A R$ 200 por cachorro, quanto não leva para casa um passeador de cachorros paulistano ao fim de 30 dias? E como calcular o que as pessoas simples, mas bem relacionadas, não faturam em Brasília por baixo da mesa? Sem falar nos contraventores, traficantes, bandidos e outros que ficam de fora das estatísticas.
Tudo isso quer dizer que sai mais em conta ser pobre no Brasil do que nos EUA -muito mais. Não esquecer também que o brasileiro pobre não precisa de dinheiro para sapato, agasalho ou trajes sociais -chinelo, camiseta e calção são perfeitamente aceitáveis. Já o americano pobre tem contra ele o inverno, além de eventuais atentados terroristas, terremotos e tufões.
O pior é que o branco americano pobre chega a ser quase um nababo, em comparação com os hispânicos e negros americanos pobres. Estes, sim, coitados.
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