O resto
LUÍS FERNANDO VERÍSSIMO
o globo - 28/07/11
prática da sua superioridade. Se conseguirmos abstrair o “resto”, claro.
CHICO
O crítico Edward Said escreveu sobre o “estilo tardio” que em muitos casos – o Beethoven dos últimos quartetos é o exemplo mais notório – distanciam o artista do seu público. O artista quer evoluir e experimentar e o público quer a repetição do que gosta.
No caso do Chico Buarque o estranhamento causado pelo seu novo CD pode durar uma ou duas audições de algumas das músicas (com outras a rendição é instantânea) mas não resiste à terceira audição, quando o estranhamento vira encantamento. Chico experimenta com rimas insólitas e sutilezas tonais (esmiuçadas naquele antológico artigo do Arthur Nestrovski sobre o disco no Estadão, e pelo Wisnik no Globo, semana passada), letras que misturam naturalmente o coloquial e o literário, canções que se esfarelam num quase recitativo, um blues e até um dueto de amor inevitável, que termina com o moço e a moça cantando “e lalari, lairiri” em vez de completar a letra. O estilo tardio do Chico é um estilo rarefeito, mas insista. O estranhamento acaba logo. E mal dá para esperar o que virá depois.
DEFINIÇÃO
Ouvi uma perfeita definição de super-herói, que serve para todos:
– São aqueles caras que usam a cueca por fora das calças.
E...
E lalari, lairiri...
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