Financiamento colaborativo
JULIO VASCONCELLOS
Folha de S. Paulo - 28/04/2011
Há muito tempo as pessoas se cotizam nesse tipo de colaboração para viabilizar iniciativas em que acreditam
Ainda é comum aos críticos das novas tecnologias verem aquelas advindas da internet, em especial, como nocivas e ameaçadoras do "real" jornalismo e também das fontes de sustento de compositores, de escritores e de artistas em geral.
Até os pequenos empreendedores aparecem por vezes como "vítimas" desses "avanços da modernidade".
Entretanto, exemplos envolvendo o que convencionou-se chamar de "crowdfunding" parecem mostrar que o oposto é, de fato, verdadeiro.
O conceito de coletar pequenas quantias de maneira pulverizada para viabilizar algum tipo de empreendimento não é novo. Há muito tempo as pessoas se cotizam em "financiamentos colaborativos" para viabilizar iniciativas nas quais acreditam, sejam elas festas comunitárias, jornais locais ou campanhas eleitorais.
O que mudou e continua mudando é a escala em que isso passou a ser viável, o tamanho das iniciativas abarcadas e o polo de onde partem as ações. Com plataformas propiciadas e disponibilizadas pela internet e pelas mídias sociais, os exemplos de iniciativas bem-sucedidas surgem por toda parte.
Entre esses exemplos de sucesso, a organização de shows envolvendo bandas estrangeiras é um caso particularmente interessante.
Projetos como esses costumam ser bastante arriscados por envolverem quantias bastante significativas e com poucas garantias de retorno, uma vez que não é possível assegurar que um número mínimo de ingressos será, de fato, vendido.
Por esse motivo, são priorizadas as cidades onde há maior expectativa de público. Mesmo cidades grandes, como é o caso do Rio de Janeiro, costumam ser excluídas do circuito de muitas turnês.
Invertendo a lógica tradicional, mas seguindo o exemplo de sites estrangeiros semelhantes, empreendedores cariocas fundaram o "Queremos". Por meio do site, ao fazer a "venda antecipada" de ingressos reembolsáveis que garantam que os custos de realização do show estejam cobertos, a vinda de bandas como Belle and Sebastian ao Rio de Janeiro se tornou viável.
Em alguns casos, quando os ingressos foram vendidos para o público em geral, o dinheiro levantado foi suficiente para devolver o que foi pago pelos "investidores" e estes assistiram aos shows sem pagar nada.
No campo do jornalismo, já existem também aplicações instigantes e exitosas do conceito. Com uma parceria da Fundação Knight, um jovem jornalista chamado David Cohn fundou o portal Spot.Us, em que jornalistas "freelancers" propõem pautas que gostariam de explorar e estimam quanto a elaboração da reportagem, ou por vezes até documentários, custaria.
Os leitores não apenas podem financiar os repórteres mas também interagir com os jornalistas e, eventualmente, propor novas pautas.
Figuras como David Cohn têm se tornado cada vez mais presentes em diversos setores.
No campo da moda, a companhia FashionStake é mais um exemplo de sucesso. Nos moldes do "Queremos" e do SpotUs, a ideia é conectar o público-alvo das coleções com todo o processo de criação das roupas e acessórios.
A ideia é proporcionar feedback dos potenciais usuários para os designers, oferecer a possibilidade de pré-encomendar peças específicas com desconto e possibilitar que os usuários do site se tornem investidores na loja on-line.
Os investimentos podem ser pequenos, como US$ 50 ou podem ultrapassar US$ 500, momento no qual o investidor ganha privilégios exclusivos nos eventos de lançamento das coleções e, claro, peças também exclusivas.
Embora os exemplos de "crowdfunding" já sejam muitos, o fenômeno ainda está no início. À medida que as mídias sociais forem sendo ainda mais difundidas e a viabilidade jurídica e econômica do modelo for sendo consolidada, assistiremos a uma explosão do número de projetos e de áreas que serão viabilizadas por esse modelo de "financiamento colaborativo".
aos críticos das novas tecnologias verem aquelas advindas da internet, em especial, como nocivas e ameaçadoras do "real" jornalismo e também das fontes de sustento de compositores, de escritores e de artistas em geral.
Até os pequenos empreendedores aparecem por vezes como "vítimas" desses "avanços da modernidade".
Entretanto, exemplos envolvendo o que convencionou-se chamar de "crowdfunding" parecem mostrar que o oposto é, de fato, verdadeiro.
O conceito de coletar pequenas quantias de maneira pulverizada para viabilizar algum tipo de empreendimento não é novo. Há muito tempo as pessoas se cotizam em "financiamentos colaborativos" para viabilizar iniciativas nas quais acreditam, sejam elas festas comunitárias, jornais locais ou campanhas eleitorais.
O que mudou e continua mudando é a escala em que isso passou a ser viável, o tamanho das iniciativas abarcadas e o polo de onde partem as ações. Com plataformas propiciadas e disponibilizadas pela internet e pelas mídias sociais, os exemplos de iniciativas bem-sucedidas surgem por toda parte.
Entre esses exemplos de sucesso, a organização de shows envolvendo bandas estrangeiras é um caso particularmente interessante.
Projetos como esses costumam ser bastante arriscados por envolverem quantias bastante significativas e com poucas garantias de retorno, uma vez que não é possível assegurar que um número mínimo de ingressos será, de fato, vendido.
Por esse motivo, são priorizadas as cidades onde há maior expectativa de público. Mesmo cidades grandes, como é o caso do Rio de Janeiro, costumam ser excluídas do circuito de muitas turnês.
Invertendo a lógica tradicional, mas seguindo o exemplo de sites estrangeiros semelhantes, empreendedores cariocas fundaram o "Queremos". Por meio do site, ao fazer a "venda antecipada" de ingressos reembolsáveis que garantam que os custos de realização do show estejam cobertos, a vinda de bandas como Belle and Sebastian ao Rio de Janeiro se tornou viável.
Em alguns casos, quando os ingressos foram vendidos para o público em geral, o dinheiro levantado foi suficiente para devolver o que foi pago pelos "investidores" e estes assistiram aos shows sem pagar nada.
No campo do jornalismo, já existem também aplicações instigantes e exitosas do conceito. Com uma parceria da Fundação Knight, um jovem jornalista chamado David Cohn fundou o portal Spot.Us, em que jornalistas "freelancers" propõem pautas que gostariam de explorar e estimam quanto a elaboração da reportagem, ou por vezes até documentários, custaria.
Os leitores não apenas podem financiar os repórteres mas também interagir com os jornalistas e, eventualmente, propor novas pautas.
Figuras como David Cohn têm se tornado cada vez mais presentes em diversos setores.
No campo da moda, a companhia FashionStake é mais um exemplo de sucesso. Nos moldes do "Queremos" e do SpotUs, a ideia é conectar o público-alvo das coleções com todo o processo de criação das roupas e acessórios.
A ideia é proporcionar feedback dos potenciais usuários para os designers, oferecer a possibilidade de pré-encomendar peças específicas com desconto e possibilitar que os usuários do site se tornem investidores na loja on-line.
Os investimentos podem ser pequenos, como US$ 50 ou podem ultrapassar US$ 500, momento no qual o investidor ganha privilégios exclusivos nos eventos de lançamento das coleções e, claro, peças também exclusivas.
Embora os exemplos de "crowdfunding" já sejam muitos, o fenômeno ainda está no início. À medida que as mídias sociais forem sendo ainda mais difundidas e a viabilidade jurídica e econômica do modelo for sendo consolidada, assistiremos a uma explosão do número de projetos e de áreas que serão viabilizadas por esse modelo de "financiamento colaborativo".
JULIO VASCONCELLOS, 30, economista, é fundador e presidente-executivo do site de compras coletivas Peixe Urbano
Até os pequenos empreendedores aparecem por vezes como "vítimas" desses "avanços da modernidade".
Entretanto, exemplos envolvendo o que convencionou-se chamar de "crowdfunding" parecem mostrar que o oposto é, de fato, verdadeiro.
O conceito de coletar pequenas quantias de maneira pulverizada para viabilizar algum tipo de empreendimento não é novo. Há muito tempo as pessoas se cotizam em "financiamentos colaborativos" para viabilizar iniciativas nas quais acreditam, sejam elas festas comunitárias, jornais locais ou campanhas eleitorais.
O que mudou e continua mudando é a escala em que isso passou a ser viável, o tamanho das iniciativas abarcadas e o polo de onde partem as ações. Com plataformas propiciadas e disponibilizadas pela internet e pelas mídias sociais, os exemplos de iniciativas bem-sucedidas surgem por toda parte.
Entre esses exemplos de sucesso, a organização de shows envolvendo bandas estrangeiras é um caso particularmente interessante.
Projetos como esses costumam ser bastante arriscados por envolverem quantias bastante significativas e com poucas garantias de retorno, uma vez que não é possível assegurar que um número mínimo de ingressos será, de fato, vendido.
Por esse motivo, são priorizadas as cidades onde há maior expectativa de público. Mesmo cidades grandes, como é o caso do Rio de Janeiro, costumam ser excluídas do circuito de muitas turnês.
Invertendo a lógica tradicional, mas seguindo o exemplo de sites estrangeiros semelhantes, empreendedores cariocas fundaram o "Queremos". Por meio do site, ao fazer a "venda antecipada" de ingressos reembolsáveis que garantam que os custos de realização do show estejam cobertos, a vinda de bandas como Belle and Sebastian ao Rio de Janeiro se tornou viável.
Em alguns casos, quando os ingressos foram vendidos para o público em geral, o dinheiro levantado foi suficiente para devolver o que foi pago pelos "investidores" e estes assistiram aos shows sem pagar nada.
No campo do jornalismo, já existem também aplicações instigantes e exitosas do conceito. Com uma parceria da Fundação Knight, um jovem jornalista chamado David Cohn fundou o portal Spot.Us, em que jornalistas "freelancers" propõem pautas que gostariam de explorar e estimam quanto a elaboração da reportagem, ou por vezes até documentários, custaria.
Os leitores não apenas podem financiar os repórteres mas também interagir com os jornalistas e, eventualmente, propor novas pautas.
Figuras como David Cohn têm se tornado cada vez mais presentes em diversos setores.
No campo da moda, a companhia FashionStake é mais um exemplo de sucesso. Nos moldes do "Queremos" e do SpotUs, a ideia é conectar o público-alvo das coleções com todo o processo de criação das roupas e acessórios.
A ideia é proporcionar feedback dos potenciais usuários para os designers, oferecer a possibilidade de pré-encomendar peças específicas com desconto e possibilitar que os usuários do site se tornem investidores na loja on-line.
Os investimentos podem ser pequenos, como US$ 50 ou podem ultrapassar US$ 500, momento no qual o investidor ganha privilégios exclusivos nos eventos de lançamento das coleções e, claro, peças também exclusivas.
Embora os exemplos de "crowdfunding" já sejam muitos, o fenômeno ainda está no início. À medida que as mídias sociais forem sendo ainda mais difundidas e a viabilidade jurídica e econômica do modelo for sendo consolidada, assistiremos a uma explosão do número de projetos e de áreas que serão viabilizadas por esse modelo de "financiamento colaborativo".
aos críticos das novas tecnologias verem aquelas advindas da internet, em especial, como nocivas e ameaçadoras do "real" jornalismo e também das fontes de sustento de compositores, de escritores e de artistas em geral.
Até os pequenos empreendedores aparecem por vezes como "vítimas" desses "avanços da modernidade".
Entretanto, exemplos envolvendo o que convencionou-se chamar de "crowdfunding" parecem mostrar que o oposto é, de fato, verdadeiro.
O conceito de coletar pequenas quantias de maneira pulverizada para viabilizar algum tipo de empreendimento não é novo. Há muito tempo as pessoas se cotizam em "financiamentos colaborativos" para viabilizar iniciativas nas quais acreditam, sejam elas festas comunitárias, jornais locais ou campanhas eleitorais.
O que mudou e continua mudando é a escala em que isso passou a ser viável, o tamanho das iniciativas abarcadas e o polo de onde partem as ações. Com plataformas propiciadas e disponibilizadas pela internet e pelas mídias sociais, os exemplos de iniciativas bem-sucedidas surgem por toda parte.
Entre esses exemplos de sucesso, a organização de shows envolvendo bandas estrangeiras é um caso particularmente interessante.
Projetos como esses costumam ser bastante arriscados por envolverem quantias bastante significativas e com poucas garantias de retorno, uma vez que não é possível assegurar que um número mínimo de ingressos será, de fato, vendido.
Por esse motivo, são priorizadas as cidades onde há maior expectativa de público. Mesmo cidades grandes, como é o caso do Rio de Janeiro, costumam ser excluídas do circuito de muitas turnês.
Invertendo a lógica tradicional, mas seguindo o exemplo de sites estrangeiros semelhantes, empreendedores cariocas fundaram o "Queremos". Por meio do site, ao fazer a "venda antecipada" de ingressos reembolsáveis que garantam que os custos de realização do show estejam cobertos, a vinda de bandas como Belle and Sebastian ao Rio de Janeiro se tornou viável.
Em alguns casos, quando os ingressos foram vendidos para o público em geral, o dinheiro levantado foi suficiente para devolver o que foi pago pelos "investidores" e estes assistiram aos shows sem pagar nada.
No campo do jornalismo, já existem também aplicações instigantes e exitosas do conceito. Com uma parceria da Fundação Knight, um jovem jornalista chamado David Cohn fundou o portal Spot.Us, em que jornalistas "freelancers" propõem pautas que gostariam de explorar e estimam quanto a elaboração da reportagem, ou por vezes até documentários, custaria.
Os leitores não apenas podem financiar os repórteres mas também interagir com os jornalistas e, eventualmente, propor novas pautas.
Figuras como David Cohn têm se tornado cada vez mais presentes em diversos setores.
No campo da moda, a companhia FashionStake é mais um exemplo de sucesso. Nos moldes do "Queremos" e do SpotUs, a ideia é conectar o público-alvo das coleções com todo o processo de criação das roupas e acessórios.
A ideia é proporcionar feedback dos potenciais usuários para os designers, oferecer a possibilidade de pré-encomendar peças específicas com desconto e possibilitar que os usuários do site se tornem investidores na loja on-line.
Os investimentos podem ser pequenos, como US$ 50 ou podem ultrapassar US$ 500, momento no qual o investidor ganha privilégios exclusivos nos eventos de lançamento das coleções e, claro, peças também exclusivas.
Embora os exemplos de "crowdfunding" já sejam muitos, o fenômeno ainda está no início. À medida que as mídias sociais forem sendo ainda mais difundidas e a viabilidade jurídica e econômica do modelo for sendo consolidada, assistiremos a uma explosão do número de projetos e de áreas que serão viabilizadas por esse modelo de "financiamento colaborativo".
JULIO VASCONCELLOS, 30, economista, é fundador e presidente-executivo do site de compras coletivas Peixe Urbano
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