sábado, abril 16, 2011

DOM EUGENIO SALES - Beleza rara


Beleza rara 
DOM EUGENIO SALES

O GLOBO - 16/04/11

Neste domingo iniciaremos com o Domingo de Ramos a grande semana da Quaresma, a Semana Santa. A Quaresma, segundo o Santo Padre Bento XVI na sua mensagem anual para este período, é um caminho que conduz à Páscoa. Nele somos chamados a uma "transformação pela ação do Espírito Santo; a orientar com decisão a nossa existência segundo a vontade de Deus e a libertar-nos de nosso egoísmo, abrindo-nos à caridade de Cristo".
No Domingo de Ramos iniciamos as comemorações da vitória de Jesus em Jerusalém, aclamado pela população, e o anúncio da Morte, com a leitura da paixão. As palmas, guardadas, lembram o triunfo definitivo do Salvador, e, com Ele, de todos nós. Na Quinta-Feira Santa, pela manhã, o bispo celebra a Missa do Crisma com seu presbitério.
À tarde, começa o Tríduo Pascal, ao reviver a Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor, o cume de todo o ano litúrgico. Celebra-se a memória da Ceia do Senhor. A seguir vem a adoração ao Santíssimo Sacramento, como oportunidade de manifestar nossa fidelidade ao Mestre e de poder participar de seu sofrimento como esperança de vitória sobre o mal.
Na Sexta-Feira Santa, quando "Cristo, nossa Páscoa, foi imolado" (1 Cor 5,7), segue-se a veneração da Cruz, que se impõe diante de nós, influenciando todo o nosso comportamento. A importância da penitência na vida do cristão é ininteligível num ambiente dessacralizado. A chamada adoração da Cruz marca uma linha divisória com esse mundo que busca o prazer como meta preferencial.
Antigamente, o caráter festivo da Ressurreição era antecipado para a manhã do sábado. Com a renovação litúrgica, todo esse dia, até ao pôr do sol, é reservado ao silêncio e à meditação. O túmulo continua fechado. "O percurso quaresmal encontra seu cumprimento (...) na Grande Vigília da Noite Santa. Renovando as promessas batismais, reafirmamos que Cristo é o Senhor da nossa vida (...) e reconfirmamos o nosso compromisso em corresponder à ação da Graça" (nº 2).
A participação assídua aos ofícios litúrgicos nos enriquece espiritualmente. Eles são de uma beleza espiritual rara. Integram o tempo penitencial e, para quem se encontra isolado, sem igreja nas proximidades, a leitura dos textos litúrgicos, que acompanham os ritos celebrados nos templos, deve servir para avivar sua piedade.
Somos convidados, através da liturgia, a conhecermos mais os mistérios divinos que celebramos e entrarmos neles com redobrado empenho. 

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