Dilma no Congresso
RANIER BRAGON
FOLHA DE SÃO PAULO - 31/01/11
Dilma Rousseff decidiu que vai ao Congresso Nacional entregar a mensagem presidencial, na quarta. O gesto repete Lula, que em 2003 também ignorou a tradição de reservar a tarefa ao ministro da Casa Civil.
Na solenidade, que marca o início da Legislatura, Dilma lerá a introdução da mensagem, calhamaço que reúne as diretrizes do governo, mas que no Brasil costuma despertar pouco interesse político. Segundo aliados, a ida da presidente busca aplacar críticas de que estaria menosprezando a relação com os congressistas. Embora majoritária, sua base de apoio abriga disputa PT x PMDB por cargos, além de setores que buscam elevar os R$ 545 propostos para o mínimo.
Olimpo É enorme a insatisfação de aliados que dizem não ter conseguido nesse início o mais remoto canal de acesso à presidente.
Bola quebrada
Questionado na semana passada sobre a possibilidade de ida de Dilma, o presidente do Congresso, José Sarney (PMDB-AP), a havia praticamente descartado. Lembrava não ser "tradição" receber a mensagem das mãos do presidente da República.
Sintonia
Coincidência ou não, Eduardo Suplicy (PT-SP) enviou carta aconselhando Dilma a ir ao Congresso.
CautelaCézar Peluso avisou a interlocutores de Dilma que fará discurso "institucional" na abertura do ano judiciário amanhã, evitando cobrança pública à presidente quanto à demora na indicação do 11º membro do STF. No Planalto, a informação é que sai a qualquer momento a oficialização de Luiz Fux.
Esperando Godot
Candidato azarão à presidência da Câmara, Sandro Mabel (PR-GO) disse a aliados que só desistiria da disputa se recebesse um apelo de Dilma em pessoa. Ontem o deputado passou o dia ao telefone e em reuniões. E convocou a imprensa para uma entrevista hoje pela manhã. A promessa é de que anunciará um "fato novo".
Outro lado
Embora reafirme a intenção de continuar presidente do PSDB, Sérgio Guerra diz que não fez contabilidade de apoio. De acordo com aliados de José Serra, Guerra havia dito contar com seis dos oito governadores tucanos, além da maioria dos congressistas.
Como é?
Entre os deputados-tampões da Câmara que usaram a verba de custeio do mandato durante as férias legislativas, Airton Roveda (PR-PR) foi um dos que menos pediu reembolso. Mas um gasto chama atenção: um sedex internacional, de R$ 68. Assessora do gabinete diz que foi ela quem usou, para mandar uma chave a ela mesma, no exterior.
Mais o que fazer
Em pé de guerra com José Pimentel (PT-CE) pela vice-presidência do Senado, Marta Suplicy (PT-SP) se recusou a conversar com o concorrente após a reunião da bancada do PT, na quinta. Diante do pedido de Pimentel, disse para ele ligar no outro dia, após às 14h, que ela ia avaliar.
Recado
Sobre a disputa entre PT e PMDB pelo comando de Furnas, o ministro Luiz Sérgio (Relações Institucionais) diz: "Fazer esse processo via dossiê não fortalece quem o está produzindo". Sérgio recebeu do deputado licenciado Jorge Bittar (PT-RJ) documentos listando supostas fraudes na estatal.
Caladão
Os desabafos do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) no Twitter sobre as acusações envolvendo seu nome e o de Furnas fizeram aliados de A a Z sugerirem moderação ao peemedebista no mundo virtual.
com LETÍCIA SANDER e FABIO ZAMBELI
Tiroteio
"Suplente que toma posse no recesso é como comandante de um navio fora d'água. Não tem como navegar."
DO DEPUTADO FLÁVIO DINO (PC DO B-MA), sobre os suplentes de deputado federal que tomaram posse para exercer o mandato nas férias legislativas.
Contraponto
Cardápio
Senadores do PT discutiam na última quinta-feira a indicação de nomes para a Mesa e as comissões, quando Walter Pinheiro (BA) propôs ao colega Delcídio Amaral (MS) que convidasse Eduardo Suplicy (SP) para um jantar, ocasião em que os dois poderiam com calma se acertar sobre quem presidiria a Comissão de Assuntos Econômicos, uma das principais da casa. Como o clima era acirrado, Pinheiro brincou:
-Mas preste atenção: é para jantar um com o outro, não um jantar o outro!
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