Fabricando fantasmas
Paulo Guedes
O GLOBO - 27/09/10
A liberdade de expressão sob ataque", alerta a revista "Veja" em matéria de CAPA desta semana. "Todo poder tem limite", adverte a "Folha de S.Paulo" deste domingo. "O direito de inquirir, duvidar e divergir da autoridade pública é o cerne da democracia. Foi a imprensa que revelou ao país que uma agência da Receita Federal fora convertida em órgão de espionagem clandestina contra adversários políticos. Foi a imprensa que mostrou que o principal gabinete do governo estava minado por espantosa infiltração de interesses particulares", esclarece em editorial "um jornal a serviço do Brasil desde 1921".
Houve tentativas de cercear a liberdade de imprensa com a criação do Conselho Federal de Jornalismo bem como por disposições embutidas tanto no Programa Nacional de Direitos Humanos de 2009 quanto no programa de governo do PT de 2010. Foram rechaçadas por Lula.
A candidata oficial, Dilma Rousseff, foi taxativa: "O único controle social da mídia que aceito é o controle remoto na mão do telespectador." Afinal, a ameaça à liberdade de imprensa é uma perspectiva real para a sociedade brasileira? Ou apenas um fantasma contratado para animar as eleições presidenciais? A boa notícia é que a "esquerda" brasileira foi moldada em combate ao regime militar. Conhece a angústia e a escuridão em que mergulhamos quando se apaga a democracia. A má notícia é que desconhece as desastrosas consequências da hipertrofia e do aparelhamento do Estado sobre o modo de fazer política e os valores morais de uma sociedade.
O inchaço e a politização da engrenagem pública são os ingredientes de uma fábrica de escândalos, como os dos precatórios, dos Anões do Orçamento, do Tribunal Regional do Trabalho (do Lalau), da Sudam, do INSS (da Jorgina), do propinoduto (do Marcos Valério), do Mensalão, dos Sanguessugas, do Senado, da Casa Civil e agora, ainda fresco, "investigações mostram as ligações dos governadores de Tocantins, do Amapá e do Mato Grosso do Sul com quadrilhas acusadas de desviar fortunas dos cofres públicos", conforme registra "Veja" na mesma edição.
São indissociáveis a hipertrofia do Estado e a corrupção a céu aberto. A degeneração da política e a desmoralização dos partidos são consequências não intencionais. A imprensa livre apenas registra o fenômeno. Deflagrar reformas ou reprimir a imprensa? Fantasma eleitoral ou perspectiva concreta? Saberemos. Paulo Guedes é economista
Houve tentativas de cercear a liberdade de imprensa com a criação do Conselho Federal de Jornalismo bem como por disposições embutidas tanto no Programa Nacional de Direitos Humanos de 2009 quanto no programa de governo do PT de 2010. Foram rechaçadas por Lula.
A candidata oficial, Dilma Rousseff, foi taxativa: "O único controle social da mídia que aceito é o controle remoto na mão do telespectador." Afinal, a ameaça à liberdade de imprensa é uma perspectiva real para a sociedade brasileira? Ou apenas um fantasma contratado para animar as eleições presidenciais? A boa notícia é que a "esquerda" brasileira foi moldada em combate ao regime militar. Conhece a angústia e a escuridão em que mergulhamos quando se apaga a democracia. A má notícia é que desconhece as desastrosas consequências da hipertrofia e do aparelhamento do Estado sobre o modo de fazer política e os valores morais de uma sociedade.
O inchaço e a politização da engrenagem pública são os ingredientes de uma fábrica de escândalos, como os dos precatórios, dos Anões do Orçamento, do Tribunal Regional do Trabalho (do Lalau), da Sudam, do INSS (da Jorgina), do propinoduto (do Marcos Valério), do Mensalão, dos Sanguessugas, do Senado, da Casa Civil e agora, ainda fresco, "investigações mostram as ligações dos governadores de Tocantins, do Amapá e do Mato Grosso do Sul com quadrilhas acusadas de desviar fortunas dos cofres públicos", conforme registra "Veja" na mesma edição.
São indissociáveis a hipertrofia do Estado e a corrupção a céu aberto. A degeneração da política e a desmoralização dos partidos são consequências não intencionais. A imprensa livre apenas registra o fenômeno. Deflagrar reformas ou reprimir a imprensa? Fantasma eleitoral ou perspectiva concreta? Saberemos. Paulo Guedes é economista
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