Fusões e aquisições crescem 43% e têm maior nível em 7 anos, diz consultoria
Maria Cristina Frias
Folha de S.Paulo - 09/06/2010
As transações de fusões e aquisições no Brasil bateram recorde neste ano. De janeiro a maio, o número de operações cresceu 43%, totalizando 303 transações, segundo levantamento da PricewaterhouseCoopers.
O volume registrado é recorde para o período, desde o início da pesquisa da consultoria em 2003.
Os setores de alimentos e de TI foram os destaques nas transações deste ano, com 29 operações cada um. No primeiro, os segmentos mais ativos foram frigoríficos e abatedouros, produtos agrícolas e usinas de açúcar e álcool. Em tecnologia, as áreas de software e sistemas de rede se destacaram.
"Esses setores estão crescendo na economia, o que os torna muito interessantes para investimentos", diz o especialista em fusões e aquisições Alexandre Pierantoni, sócio da Price.
A tendência é aumentar a consolidação de diversos setores. "Hoje, as fusões e as aquisições são uma ferramenta de negócios para as empresas", diz Pierantoni.
As operações devem fechar 2010 com nível recorde, superando as 718 transações de 2007, considerado o melhor ano, segundo a Price.
"Apesar do ambiente incerto nos Estados Unidos e na Europa, os investimentos no Brasil não estão sendo afetados", diz Pierantoni.
Cerca de 40% das transações envolveram empresas estrangeiras. A tendência é ter uma participação cada vez maior dos estrangeiros procurando empresas brasileiras, segundo o sócio.
Fundos de "private equity" estiveram presentes em 42% dos negócios neste ano -uma participação recorde-, com transações nos setores de TI, varejo, hotelaria e construção.
Antes do La Niña
Consultorias têm registrado o aumento de empresas interessadas em sair do mercado cativo para o mercado de consumidor livre, em que contratos são negociados diretamente com as geradoras de energia. "O momento é bom para migrar porque o preço melhorou, em razão dos reservatórios brasileiros", diz Cristopher Vlavianos, presidente da Comerc, consultoria e gestora de energia. Bem diferente dos altos preços do final de 2007 e começo de 2008. As interessadas na migração são companhias que têm entre três e quatro fábricas e que querem reduzir custos. Mas não basta vontade de mudar. É preciso ter consumo superior a 3 mil kilowatts e se adaptar ao sistema de medição (que sai por cerca de R$ 20 mil). Em setembro, porém, o La Niña pode colocar esse mercado de pernas para o ar.
Se a quantidade de água se reduzir, poderá não ser mais tão favorável. "Só migrar não significa pagar menos. O momento de contratação é importante", diz Marcelo Ávila, vice-presidente.
Inovação Em Alto-mar
O robô Auri, para inspeção autônoma de oleodutos flexíveis, deve estar apto para testes em alto-mar no próximo mês.
O robô reduzirá custos da exploração de petróleo, segundo Miguel Freitas, engenheiro do CTC/PUC-Rio, que fez o projeto com a Petrobras e a EngeMovi.
"Ao ser lançado das plataformas, ele dispensa barcos de apoio, hoje usados por robôs de controle remoto, e reduz gastos", diz.
A máquina estará disponível em até dois anos para empresas que queiram oferecer o serviço ao mercado, diz Carlos Camerini, consultor da Petrobras.
"Grande parte das compras dos robôs será feita pela Petrobras."
Empresários da construção estão otimistas, mas temem inflação
A percepção dos empresários da construção civil sobre o desempenho de suas empresas subiu e voltou ao nível recorde de 2008.
O indicador atingiu 60 pontos em maio, igualando-se ao patamar mais alto da série histórica, registrado há dois anos, segundo a Sondagem Nacional da Indústria da Construção, realizada por SindusCon-SP e FGV/Ibre.
A pesquisa adota escala de zero a cem pontos. Acima de 50, denota otimismo.
A percepção favorável se deve ao crescimento do mercado imobiliário e do investimento, ainda que lento, em infraestrutura, segundo Sérgio Watanabe, presidente do SindusCon-SP.
Apesar do otimismo, o setor demonstra preocupação quanto à evolução dos custos setoriais, afirma Watanabe.
"Temos um setor aquecido, mas preocupado com a inflação e com a qualificação de mão de obra, devido ao aumento da demanda."
ParceriaA BM&FBovespa vai assinar na próxima semana um convênio com a Associação Parque Tecnológico de São José dos Campos. O objetivo é se aproximar de instituições e empreendedores hospedados em incubadoras e centros tecnológicos do Estado de São Paulo. A parceria prevê o fomento ao empreendedorismo com a capacitação profissional e difusão de informações sobre mecanismos de financiamento que incentivem o contato entre empresas e investidores.
Nova casaA americana Silver Spring Networks, de sistemas "Smart Grid", redes inteligentes para produção de energia elétrica, abre hoje, em São Paulo, o primeiro escritório no Brasil. A solução permite que concessionárias de energia gerenciem melhor as linhas de transmissão e distribuição pelo conhecimento da demanda. Também proporciona maior controle dos gastos pelo consumidor. Para atuar no país, a empresa fechou parceria com a brasileira Nansen, de medidores de energia.
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