Lula quase avança o sinal
JORNAL DO BRASIL - 06/03/10
O PRESIDENTE LULA puxou o freio de mão à beira do precipício, ao desmentir que alguma vez tenha passado pela sua cabeça licenciar-se da Presidência da República por dois meses, passando o cargo ao senador José Sarney, presidente do Senado.
O vice-presidente José Alencar é provável candidato a uma vaga de senador por Minas, dependendo do seu estado de saúde. No caso, o desmentido é menos convincente do que o recuo diante da estapafúrdia manobra pela simples evidência de que na pré-campanha para eleger a candidata da sua exclusiva escolha, Lula tem passado por cima da ética e da lei, com o desembaraço de quem, deslumbrado com a popularidade recordista do maior líder da história deste país, faz o que bem entende.
A pré-campanha ao arrepio dos prazos constitucionais da candidata Dilma, é uma descarada demonstração de soberba, desde a arrancada com as viagens pelo Brasil para acompanhar as obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e da construção de 1 milhão de residências populares do Minha Casa, Minha Vida. Presidente não é fiscal de obras. E para as viagens, a prioridade óbvia seria às regiões castigadas pelas enchentes, com milhares de famílias que perderam tudo e não sabem como recomeçar a vida. Ou a rede rodoviária em pandarecos, com pontes destruídas, barreiras que exigem malabarismos para o tráfego de carros e caminhões em mão única. O que não faltam são pedidos de socorro e gritos de desespero.
Depois, vamos abrir o jogo: o que é que o presidente Lula e a ministra Dilma podem fiscalizar em obras de rotina? Contar os tijolos assentados no milhão de residências em construção? Ou, com discurso em palanque com microfone e ampla publicidade, estimular a turma a tocar a transferência das águas do Rio São Francisco para encher os açudes do Nordeste? Uma estatística dos dias e horas que o presidente Lula passa no Brasil e em Brasília e toca a rotina em seu gabinete seria embaraçosa para o governo.
E é daqui para pior. A oposição não ameaça o governo com as hesitações do governador de São Paulo, José Serra, em confirmar a sua candidatura e articular a escolha do seu companheiro de chapa, já que o governador mineiro, Aécio Neves, demonstrou que aprendeu as lições do seu avô Tancredo Neves, o mais completo homem público que conheci, e foge da candidatura a vice-presidente como o capeta da cruz.
Os exageros do presidente Lula na obstinação de eleger a ministra Dilma como sua sucessora deveriam ser revistos com bom-senso. Lula praticamente abandonou o governo. Se nunca gostou de tocar a rotina, marcava presença com o eficiente esquema publicitário que enchia os vazios com a presença frequente de convidados que rendem foto em jornais e revistas e minutos nos noticiários da rede de televisão. E que apenas complementa a cobertura recordista da maior rede oficial de comunicação de todos os tempos.
Mas, se a eleição da ministra Dilma é a obsessão de Lula, seria razoável esperar uma plataforma de pré-campanha definindo as prioridades no país de tantas urgências. È indefensável o desprezo por Brasília ou a falta de sensibilidade para reconhecer que o Distrito Federal foi transformado numa bagunça administrativa, com governador – e que governadores, de Roriz a José Roberto Arruda! – com Câmara Distrital, Câmara de Vereadores, milhões de favelados quando a população deveria ser de 500 a 600 mil habitantes e hoje encosta em 3 milhões.
Brasília é vítima da incompetência e da demagogia. E esta é a hora de enfrentar a sua salvação como a prioridade absoluta de todos os candidatos à Presidência da República. Pelo menos o centro administrativo da capital deveria ser recuperado na dignidade do projeto de Lúcio Costa e dos palácio do gênio de Oscar Niemeyer. E fechar as arapucas de falsificações do Senado e da Câmara dos Deputados.
Com Brasília restabelecida como a capital de fato do país, o Senado e a Câmara recuperariam a compostura e a dignidade, acabando com a farra das viagens semanais de senadores e deputados para as suas bases eleitorais, com passagens pagas pela Viúva e a penca de mordomias, vantagens, gabinete individuais com dezenas de assessores e cabos eleitorais.
O vice-presidente José Alencar é provável candidato a uma vaga de senador por Minas, dependendo do seu estado de saúde. No caso, o desmentido é menos convincente do que o recuo diante da estapafúrdia manobra pela simples evidência de que na pré-campanha para eleger a candidata da sua exclusiva escolha, Lula tem passado por cima da ética e da lei, com o desembaraço de quem, deslumbrado com a popularidade recordista do maior líder da história deste país, faz o que bem entende.
A pré-campanha ao arrepio dos prazos constitucionais da candidata Dilma, é uma descarada demonstração de soberba, desde a arrancada com as viagens pelo Brasil para acompanhar as obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e da construção de 1 milhão de residências populares do Minha Casa, Minha Vida. Presidente não é fiscal de obras. E para as viagens, a prioridade óbvia seria às regiões castigadas pelas enchentes, com milhares de famílias que perderam tudo e não sabem como recomeçar a vida. Ou a rede rodoviária em pandarecos, com pontes destruídas, barreiras que exigem malabarismos para o tráfego de carros e caminhões em mão única. O que não faltam são pedidos de socorro e gritos de desespero.
Depois, vamos abrir o jogo: o que é que o presidente Lula e a ministra Dilma podem fiscalizar em obras de rotina? Contar os tijolos assentados no milhão de residências em construção? Ou, com discurso em palanque com microfone e ampla publicidade, estimular a turma a tocar a transferência das águas do Rio São Francisco para encher os açudes do Nordeste? Uma estatística dos dias e horas que o presidente Lula passa no Brasil e em Brasília e toca a rotina em seu gabinete seria embaraçosa para o governo.
E é daqui para pior. A oposição não ameaça o governo com as hesitações do governador de São Paulo, José Serra, em confirmar a sua candidatura e articular a escolha do seu companheiro de chapa, já que o governador mineiro, Aécio Neves, demonstrou que aprendeu as lições do seu avô Tancredo Neves, o mais completo homem público que conheci, e foge da candidatura a vice-presidente como o capeta da cruz.
Os exageros do presidente Lula na obstinação de eleger a ministra Dilma como sua sucessora deveriam ser revistos com bom-senso. Lula praticamente abandonou o governo. Se nunca gostou de tocar a rotina, marcava presença com o eficiente esquema publicitário que enchia os vazios com a presença frequente de convidados que rendem foto em jornais e revistas e minutos nos noticiários da rede de televisão. E que apenas complementa a cobertura recordista da maior rede oficial de comunicação de todos os tempos.
Mas, se a eleição da ministra Dilma é a obsessão de Lula, seria razoável esperar uma plataforma de pré-campanha definindo as prioridades no país de tantas urgências. È indefensável o desprezo por Brasília ou a falta de sensibilidade para reconhecer que o Distrito Federal foi transformado numa bagunça administrativa, com governador – e que governadores, de Roriz a José Roberto Arruda! – com Câmara Distrital, Câmara de Vereadores, milhões de favelados quando a população deveria ser de 500 a 600 mil habitantes e hoje encosta em 3 milhões.
Brasília é vítima da incompetência e da demagogia. E esta é a hora de enfrentar a sua salvação como a prioridade absoluta de todos os candidatos à Presidência da República. Pelo menos o centro administrativo da capital deveria ser recuperado na dignidade do projeto de Lúcio Costa e dos palácio do gênio de Oscar Niemeyer. E fechar as arapucas de falsificações do Senado e da Câmara dos Deputados.
Com Brasília restabelecida como a capital de fato do país, o Senado e a Câmara recuperariam a compostura e a dignidade, acabando com a farra das viagens semanais de senadores e deputados para as suas bases eleitorais, com passagens pagas pela Viúva e a penca de mordomias, vantagens, gabinete individuais com dezenas de assessores e cabos eleitorais.
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