Gol contra
O GLOBO - 14/03/10
O prazo dado pela Fifa (1º de março) para o início das obras dos estádios em que serão realizados os jogos, e dos projetos de infraestrutura urbana dos municípios, não foi cumprido. Em decorrência, o secretáriogeral da entidade, Jérôme Valcke, mandou um duro recado: os brasileiros não devem duvidar das exigências da federação. A preocupação da Fifa procede. No início do mês, o quadro de ações prometidas era desolador nas cidades-sede. No Maracanã, candidato a sediar a final da Copa, encenou-se o início de obras a título de “análise do terreno”.
Na prática, foi um movimento para inglês ver, porque até agora sequer se fizeram as licitações para as reformas. No Morumbi, São Paulo, começou-se a mexer nas tubulações — muito pouco para a monta das intervenções previstas. A situação não é mais animadora nos outros centros. O presidente da CBF e do Comitê Organizador Local (COL), Ricardo Teixeira, repicou a advertência do secretário-geral da Fifa, enviando um duro recado às 12 cidades-sede. Cobrou explicações por atrasos e ameaçou tomar medidas restritivas em relação a quem não revelar a real situação dos projetos.
Mas dobrou-se à realidade: acabou estendendo até maio o prazo para o início efetivo das obras.
É imperioso, no entanto, que os responsáveis por tocar os projetos não confundam o alívio da pressão com licença para relaxar. Em maio, é bom lembrar, faltarão pouco mais de 31 meses para o fim do prazo de construção dos estádios (31 de dezembro de 2012). É tempo suficiente, mas sem espaço para novos atrasos. A África do Sul, lembra a Fifa, construiu os estádios em 30 meses.
“Mas estamos chegando perto desse limite no Brasil e nada foi feito”, advertiu Valcke.
O projeto Copa é um compromisso assumido pelo país com um evento que movimenta bilhões em dinheiro, mobiliza diversos países e mexe com a autoestima de quem sedia a competição. Para o bem da imagem do Brasil, e para a credibilidade do país quando se candidatar a trazer para cá outras e rentáveis competições, é bom que as advertências da Fifa sejam levadas a sério. Não cabe, no país do futebol, imaginar que somos incapazes de promover a Copa do Mundo. Seria marcar o maior gol contra e envolver definitivamente em sombras o projeto das Olimpíadas de 2016.
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