quinta-feira, março 04, 2010

CLÓVIS ROSSI

Bolsa Família ecumênico


Folha de S. Paulo - 04/03/2010

SÃO PAULO - O Bolsa Família é o grande baú de votos da candidatura Lula (pela interposta pessoa de Dilma Rousseff), certo? Errado, prova o Datafolha, na pesquisa publicada ontem.
É verdade que Dilma leva ponderáveis 40% dos votos entre os pesquisados que recebem o Bolsa Família. Mas os três outros candidatos principais ficam com uma fatia ainda maior (43%), distribuída entre José Serra (25%), Ciro Gomes (10%) e Marina Silva (8%).
Pode até acontecer de haver uma mudança à medida que mais eleitores, inclusive entre os beneficiados pelo esquema assistencialista, identifiquem Dilma como a candidata de Lula, que, por sua vez, já é identificado como o pai do Bolsa Família, por mais que os tucanos se esforcem para dizer que foram eles que inventaram o programa.
Mas a pesquisa mostra também que a maioria dos pesquisados (55%) acha que Serra dará continuidade ao programa, o que, indiretamente, é avalizado pelo próprio Lula quando diz, como o fez na Anfavea, que "não existe possibilidade" de seu sucessor mudar o que está sendo feito. Referia-se à política econômica, mas é óbvio que, nos programas sociais, tal possibilidade é realmente inexistente.
O que está definindo o quadro eleitoral, por enquanto, é, repito, o "feel good factor", esse sentir-se bem tão disseminado, que permeia não apenas os 12 milhões de famílias beneficiadas pelo Bolsa Família mas uma fatia bem maior da população/eleitorado.
De todo modo, a pesquisa (tanto a geral como a específica com a turma do Bolsa Família) desmente a irrelevância da candidatura Ciro Gomes. Com ele fora do páreo, a vantagem de Serra sobe para 7 pontos, fora da margem de erro, em vez dos 4 no cenário com Ciro. Entre os beneficiados pelo Bolsa Família, tira-se Ciro e Serra sobe 5 pontos, ao passo que Dilma apenas oscila na margem de erro (1 ponto).

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