sábado, fevereiro 20, 2010

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RENATA LO PRETE

FOLHA DE SÃO PAULO - 20/02/10


A escolha do deputado André Vargas para ocupar a secretaria de Comunicação na nova Executiva do PT foi vitória de última hora de parte expressiva da bancada comandada por João Paulo Cunha (SP). Ao lado dos "Josés" Dirceu, Genoino e Mentor, João Paulo se reuniu na quinta com o novo presidente da sigla, José Eduardo Dutra, que acabou cedendo ao pleito.
A Comunicação não se equipara em importância à tesouraria (cargo para o qual Vargas chegou a ser oferecido, sem sucesso), mas dá a esse grupo alguma oportunidade de influir na campanha de Dilma, até agora conduzida por um círculo muito restrito e pouco permeável às demandas do partido.




Cadeiras. O deputado estadual e ex-presidente do PT Rui Falcão (SP), que de início iria para a Comunicação, ocupará a primeira vice.

Lição de casa. Sobram queixas no Planalto contra as resoluções votadas pelo PT. A ideia no governo é fazer com que o discurso de Dilma, hoje, vire "o" documento do congresso. O texto será impresso e distribuído no evento.

Raízes. Dilma citará os poetas Carlos Drummond de Andrade (1902-1987) e Mário Quintana (1906-1994). O primeiro nasceu em Minas, como a ministra. O segundo, no Rio Grande do Sul, onde ela construiu sua vida pública.

Vai... No esforço para levar o PMDB ao congresso, Lula falou com Michel Temer duas vezes por telefone ontem.

...ou não vai? Como alternativa, o PMDB chegou a cogitar enviar uma mensagem a ser lida no evento. Alguém fez piada: "Um boy terceirizado irá entregar".

Fuso. José Eduardo Dutra, que chegou pontualmente às 9h ao congresso, teve de esperar mais de uma hora até o início dos trabalhos. O ex-presidente da BR Distribuidora explicou: "Estou acostumado ao ritmo da Petrobras".

Perspectiva. Do deputado José Genoino sobre declaração de Lula, segundo quem "o PT que chegou ao poder em 2002 não era mais o de 1980, 1982": "Ele está certo. O PT mudou sem mudar de lado".

Gangorra. Prossegue o vai e vem do governador interino do DF, Paulo Octávio. Pela manhã, ele deu a entender aos poucos aliados que entregaria sua carta de desfiliação do DEM ontem mesmo. À tarde, resolveu postergar a decisão para segunda-feira.

Mediador 1. Apesar da pouca identificação com a sigla, Paulo Octávio tinha um papel no DEM: aproximar da cúpula da sigla grandes empreiteiros dispostos a abastecer -por dentro inclusive- o caixa do Diretório Nacional.

Mediador 2. Em 2008, o DEM recebeu R$ 12,7 mi de construtoras (de um total de R$ 32 mi). Dois anos antes, R$ 5,3 mi dos R$ R$ 8,6 mi saíram desse segmento.

Laços. O caso mais emblemático é a parceria do vice com a Via Engenharia, uma das doadoras do DEM. Juntos, eles tocam o megaempreendimento Península Lazer e Urbanismo, uma espécie de novo bairro no DF, com investimento de R$ 1,2 bi.

Cimento. À época do lançamento do condomínio de 2.000 casas de luxo, o presidente da Via, Fernando Queiroz, chegou a dizer que se tratava de "um presente pelos 50 anos para Brasília".

Fiador. Quem assina as prestações de contas do DEM como presidente do conselho fiscal é o hoje senador Adelmir Santana, herdeiro da cadeira de "PO" na Casa.

Chave do cofre. Nos vídeos do Panetonegate, o suposto contato do vice com o grupo do mensalão era Marcelo Carvalho, ex-diretor e homem de confiança em seu grupo empresarial.

com SILVIO NAVARRO e LETÍCIA SANDER

Tiroteio

O discurso padrão de Lula é o de esperar pela Justiça antes de tomar qualquer providência. Essa regra só não vale para o processo do mensalão, que ele próprio ajuda a obstruir.

Do deputado PAULO BORNHAUSEN (SC), líder do DEM, sobre o fato de o presidente protelar há três meses o envio de respostas ao STF.

Contraponto

Melhor dizendo Ao circular pelo congresso do PT, o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, foi abordado por um sem número de delegados interessados em gravar um depoimento a seu lado para uso na campanha eleitoral.
Solícito, ele atendeu a todos os pedidos, e o assessor que o acompanhava até ajudou a segurar câmeras e outros equipamentos. De tão presente na cena, porém, o auxiliar do ministro acabou por se tornar alvo de críticas:
-Sai de perto, Sombra!- brincou um dos delegados.
Ao ouvir o apelido de um dos personagens do escândalo que abala o Distrito Federal, Padilha cortou, aos risos:
-Sombra não! O nome dele agora é Silhueta!

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