sábado, fevereiro 06, 2010

CELSO MING

Onde se criam empregos

O ESTADO DE SÃO PAULO - 06/02/10


Como vai acontecendo em todo o mundo, a indústria já não é mais o principal fornecedor de empregos no Brasil. Ele está no setor de serviços.

Conforme dão conta as estatísticas do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), no ano passado foram feitas 995 mil contratações de pessoal. Dessas, mais da metade (500 mil) ocorreu no setor de serviços.

É a moça do telemarketing que telefona para oferecer alguma coisa; é o técnico que vai arrumar o computador que entrou em pane; é o motoboy que entrega a pizza quentinha na sua casa.

Até mesmo o governo parece atrasado quando se trata de adotar políticas que proporcionem novas oportunidades de trabalho. Quando, por exemplo, trata de preservar empregos, acaba favorecendo a indústria, onde supostamente estariam os melhores postos de trabalho.

Num primeiro momento, essas ocupações no setor de serviços podem mesmo parecer subempregos. Mas é essa gente, quase sempre da classe C (famílias com renda mensal entre R$ 1 mil e R$ 4,5 mil), que tem puxado o crescimento do emprego no Brasil.

Em parte, o encolhimento das vagas na indústria tem a ver com a crise financeira global cujo impacto foi menor no comércio e nos serviços. Dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostram que o emprego na indústria de transformação em todo o Brasil recuou por oito meses seguidos - de novembro de 2008 a maio de 2009. Somente a partir de junho do ano passado a indústria começou a recuperar o fôlego. Mesmo assim, a ocupação acumulou queda de 5,5% de janeiro a novembro (os dados finais ainda não estão disponíveis).

Se na indústria falta emprego, em outros setores passou a sobrar. Em São Paulo há carência de mão de obra especializada. Apenas as áreas de gastronomia, hotelaria, turismo e construção civil seriam capazes de absorver cerca de 24,5 mil profissionais qualificados, conforme sugerem especialistas.

Um ramo novo que não para de contratar é o de telemarketing. Em dez anos apontou um crescimento de 550% em postos de trabalho. De acordo com o presidente do Sindicato Paulista das Empresas de Telemarketing, Marketing Direto e Conexos (Sintelmark), Stan Braz, são 300 mil os que trabalham nesse segmento no Estado de São Paulo, 8% a mais do que em 2008. As estimativas são de que, no Brasil, os call centers já estejam empregando mais de 1 milhão de pessoas.

Para o ex-ministro do Trabalho Almir Pazzianotto Pinto o principal fator que reduz as contratações pela indústria é o uso crescente de Tecnologia da Informação, "uma imbatível destruidora de empregos". Em compensação, diz ele, é o setor de serviços que mais concorre para a geração: "Você pode até informatizar a folha de pagamento de um bar ou de um restaurante, mas não o garçom", lembra.

Apesar disso, Pazzianotto alerta para o fato de que, diante do tamanho da população brasileira e, consequentemente, do potencial do consumo interno, o País não pode abrir mão de uma forte indústria de transformação. "É preciso explorar todas as oportunidades possíveis, como a China vem fazendo ao produzir desde computadores até colheres de pau."COLABOROU ISADORA PERÓN


Confira

Derrubada - Mais um dia de derrubada dos mercados. Até agora houve forte turbulência, mas não houve pânico, aparentemente porque o mercado ainda espera que as autoridades impeçam os calotes da Grécia, de Portugal e da Espanha.

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